São Paulo, segunda-feira, 30 de abril de 2007

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Corinthians faz dívida aumentar 14 vezes e festeja

Clube deixa um débito de R$ 359 mil com a prefeitura virar R$ 8,7 milhões, mas faz acordo para evitar leilão de sua sede

Vice jurídico diz que foi um bom negócio e explica que valor não foi pago em 1998 porque o time tinha outros compromissos para quitar


EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio à maré de fracassos em campo, a diretoria do Corinthians comemorou como gol um acordo com a prefeitura de São Paulo, que sustou o leilão do Parque São Jorge, e transformou uma cobrança que, há oito anos, era de R$ 359 mil em uma confissão de dívida de R$ 8,7 milhões.
Onze dias atrás, o presidente Alberto Dualib, que comanda o time faz 14 anos, aderiu ao PPI (Programa de Parcelamento Incentivado), que obrigará o clube a pagar nos próximos anos uma mensalidade reajustada pela taxa Selic (a taxa básica de juros do país). A primeira, de R$ 111 mil, já foi paga.
O ato cancelou o leilão público, que foi marcado para os dias 10 e 24 de maio, da área que compreende a sede corintiana -o processo de execução fiscal consta no site do Tribunal de Justiça de São Paulo.
"Foi um bom negócio. Evitamos o leilão do Parque São Jorge. Quando você vai fazer um acordo desse tipo, eles colocam tudo. Agora o Corinthians zerou", disse, em tom vitorioso, o vice-presidente jurídico do clube, Ivanei Cayres de Souza.
Mais de 80% do déficit corintiano é proveniente do imposto territorial. O restante refere-se a atrasos no ISS (Imposto Sobre Serviço). Essa conta atingiu valores altos por causa da correção monetária e dos juros.
"São muito pesados", afirmou o vice jurídico.
Como efeito de comparação, levando-se em conta a cotação do dólar na época, a dívida do IPTU corintiano ao final de 1998 era de US$ 299 mil. Hoje, de acordo com o câmbio atual, a dívida total, incluindo ISS, aumentou 14 vezes, saltando para cerca de US$ 4,2 milhões.
No início deste mês, mesmo com o acordo, o déficit chegou a quase R$ 15 milhões. Com o clube aderindo ao PPI, o valor caiu para os R$ 8,7 milhões.
Para Cayres de Souza, essa dívida não foi paga à época porque o time alvinegro tinha outros débitos considerados prioritários. "Só de INSS pagamos uma fortuna", justifica ele.
O episódio envolvendo os impostos da prefeitura paulistana é mais um exemplo da conturbada gestão de Dualib.
No ano passado, por exemplo, o dirigente contratou o meia-atacante Marcelinho. À época, ele chegou ao clube à revelia da MSI devendo cerca de R$ 8 milhões ao time alvinegro.
Em contrato atraente para si, Marcelinho assinou por dois anos com salário de R$ 100 mil/mês e prometeu ceder o apartamento em que mora ao clube avaliado em mais de R$ 2 milhões -o atleta ainda vive lá.
Quando saiu, ele disse não entender como chegou como devedor e saiu como credor.
Outro negócio que gerou protestos de situacionistas e de oposicionistas no Corinthians foi o pagamento de R$ 250 mil feito ao ex-gerente financeiro Marcos Roberto Fernandes.
Ele pediu demissão para poder usar o dinheiro da rescisão trabalhista em seu casamento. A diretoria o mandou embora, mas ele seguiu trabalhando no clube. Depois, com o pedido de abertura de inquérito policial feito pela oposição, saiu de fato.


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