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Corinthians faz dívida aumentar 14 vezes e festeja
Clube deixa um débito de R$ 359 mil com a prefeitura virar
R$ 8,7 milhões, mas faz acordo para evitar leilão de sua sede
Vice jurídico diz que foi um bom negócio e explica que valor não foi pago em 1998 porque o time tinha outros compromissos para quitar
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio à maré de fracassos
em campo, a diretoria do Corinthians comemorou como
gol um acordo com a prefeitura
de São Paulo, que sustou o leilão do Parque São Jorge, e
transformou uma cobrança
que, há oito anos, era de R$ 359
mil em uma confissão de dívida
de R$ 8,7 milhões.
Onze dias atrás, o presidente
Alberto Dualib, que comanda o
time faz 14 anos, aderiu ao PPI
(Programa de Parcelamento
Incentivado), que obrigará o
clube a pagar nos próximos
anos uma mensalidade reajustada pela taxa Selic (a taxa básica de juros do país). A primeira,
de R$ 111 mil, já foi paga.
O ato cancelou o leilão público, que foi marcado para os dias
10 e 24 de maio, da área que
compreende a sede corintiana
-o processo de execução fiscal
consta no site do Tribunal de
Justiça de São Paulo.
"Foi um bom negócio. Evitamos o leilão do Parque São Jorge. Quando você vai fazer um
acordo desse tipo, eles colocam
tudo. Agora o Corinthians zerou", disse, em tom vitorioso, o
vice-presidente jurídico do clube, Ivanei Cayres de Souza.
Mais de 80% do déficit corintiano é proveniente do imposto
territorial. O restante refere-se
a atrasos no ISS (Imposto Sobre Serviço). Essa conta atingiu
valores altos por causa da correção monetária e dos juros.
"São muito pesados", afirmou o vice jurídico.
Como efeito de comparação,
levando-se em conta a cotação
do dólar na época, a dívida do
IPTU corintiano ao final de
1998 era de US$ 299 mil. Hoje,
de acordo com o câmbio atual, a
dívida total, incluindo ISS, aumentou 14 vezes, saltando para
cerca de US$ 4,2 milhões.
No início deste mês, mesmo
com o acordo, o déficit chegou a
quase R$ 15 milhões. Com o
clube aderindo ao PPI, o valor
caiu para os R$ 8,7 milhões.
Para Cayres de Souza, essa
dívida não foi paga à época porque o time alvinegro tinha outros débitos considerados prioritários. "Só de INSS pagamos
uma fortuna", justifica ele.
O episódio envolvendo os
impostos da prefeitura paulistana é mais um exemplo da
conturbada gestão de Dualib.
No ano passado, por exemplo, o dirigente contratou o
meia-atacante Marcelinho. À
época, ele chegou ao clube à revelia da MSI devendo cerca de
R$ 8 milhões ao time alvinegro.
Em contrato atraente para si,
Marcelinho assinou por dois
anos com salário de R$ 100
mil/mês e prometeu ceder o
apartamento em que mora ao
clube avaliado em mais de R$ 2
milhões -o atleta ainda vive lá.
Quando saiu, ele disse não
entender como chegou como
devedor e saiu como credor.
Outro negócio que gerou
protestos de situacionistas e de
oposicionistas no Corinthians
foi o pagamento de R$ 250 mil
feito ao ex-gerente financeiro
Marcos Roberto Fernandes.
Ele pediu demissão para poder usar o dinheiro da rescisão
trabalhista em seu casamento.
A diretoria o mandou embora,
mas ele seguiu trabalhando no
clube. Depois, com o pedido de
abertura de inquérito policial
feito pela oposição, saiu de fato.
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