São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2008

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sofrimento

Palmeiras limita torcedor comum

Fã não filiado a facções, sem ligação com diretoria ou lugar cativo teve poucos ingressos para a final

Clube organiza mal as filas, onde ocorreram tumultos e protestos, e dá informações equivocadas aos torcedores, desrespeitando legislação

EDUARDO OHATA
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O palmeirense comum ocupará menos da metade dos lugares do Parque Antarctica na final do Paulista contra a Ponte Preta. Organizada pela diretoria, a distribuição dos ingressos beneficiou conselheiros, torcidas uniformizadas, donos de lugares cativos ou VIPs.
Assim, sobraram entre 10 mil e 12 mil bilhetes para o torcedor sem regalias. Essa carga acabou em três horas. O total de ingressos era de 27.685.
A cúpula do clube ficou com entre 3.000 e 4.000 ingressos, destinados a conselheiros, diretores e sócios. Torcidas organizadas abocanharam um quinhão: mil foram para a Mancha Verde. Outras uniformizadas também levaram bilhetes -membros da TUP tentaram vender entradas à Folha. Repetiram-se privilégios da partida em Campinas.
Outras 5.000 entradas foram para o setor VIP, patrocinado por um cartão de crédito. Ainda foram guardadas 3.000 cadeiras cativas. E, como manda o regulamento, 2.600 bilhetes são dos ponte-pretanos.
Ao torcedor comum restaram as filas, a maior delas no Parque Antarctica. Duraram três horas os ingressos. E houve diversas invasões à fila, segundo relatos à Folha.
"Foram os torcedores que organizaram as filas, não teve funcionário algum", contou o estudante Diego Garcia, 19, que chegou de madrugada ao clube e não conseguiu ingressos.
Pela legislação, o Palmeiras é encarregado de organizar a fila, com auxílio da Polícia Militar. O artigo 20 do Estatuto do Torcedor diz que o clube deverá fazer a venda com agilidade e "amplo acesso a informações".
O descumprimento leva à destituição do presidente do clube. Quando acabaram os bilhetes, torcedores arremessaram objetos na polícia, que reprimiu com bombas e cacetetes. Houve feridos e detidos.
Enquanto isso, a Mancha comprou mil ingressos no clube, sem informar a fonte. "É melhor do que ter nossos garotos na fila, o que pode gerar confusão", disse o presidente da organizada, Janio Carvalho.
Mas, em Santo André, uniformizadas invadiram a fila e ameaçaram torcedores. "A polícia apareceu depois. Cheguei de madrugada e só venderam uns cem ingressos", contou o jornalista Fábio Weiss, 26.
O clube ainda mandou gente ao lugar errado. Torcedores relataram à Folha terem recebido e-mail do Palmeiras dizendo que haveria venda no ginásio do Ibirapuera. "Esses locais nunca estiveram na lista", relatou Bruno Balsimelli, da BWA, que comercializa os bilhetes.


Colaborou RICARDO PERRONE, do Painel FC


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