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Favelas do Rio somem em filme para o COI
Omissão não foi proposital,
diz comitê para Jogos-2016
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O comitê organizador da candidatura carioca à Olimpíada
de 2016 apresentou à Comissão
de Avaliação do COI um filmete
de cinco minutos e fotografias
aéreas que mostram um Rio de
Janeiro sem favelas nas áreas
vizinhas aos locais em que as
competições serão disputadas,
caso a cidade seja escolhida.
A apresentação aconteceu
ontem de manhã para os 13 especialistas e esportistas estrangeiros enviados pelo Comitê
Olímpico Internacional para
avaliar se o Rio de Janeiro tem
condições de sediar os Jogos.
Do encontro participaram o
ministro do Esporte, Orlando
Silva Jr., o governador Sérgio
Cabral Filho (PMDB) e o prefeito Eduardo Paes (PMDB).
Nenhum dos representantes
do COI falou com jornalistas.
No discurso das autoridades
brasileiras -prefeito, governador e ministro-, o encontro foi
extremamente positivo.
"Nós nos saímos muito bem.
Não é um autoelogio. (...) Foi
uma manhã nota 10. Estamos
no rumo certo. (...) A chance é
muito grande", afirmou Cabral.
O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos
Arthur Nuzman, concordou
com o governador. "O Rio está
pronto. O COI vai tomar uma
decisão histórica", afirmou.
Preparado pelo Rio-2016
-comitê formado por COB e
governos federal, estadual e
municipal-, o filme mostra como deverá estar o Rio no ano da
disputa dos Jogos, se for mesmo escolhido sede olímpica.
A capital fluminense foi dividida em quatro áreas: Copacabana (zona sul), Barra da Tijuca
(zona oeste), Deodoro (zona
oeste) e Maracanã (zona norte). Em cada uma delas foram
mostrados estádios, vilas esportivas, locais de disputas.
Não havia favela em nenhuma.
De acordo com o diretor de
marketing do comitê brasileiro,
Leonardo Gryner, a omissão
não foi deliberada.
Um exemplo da ausência de
favelas pode ser notado no Maracanã, estádio ladeado pelo
morro da Mangueira. A favela
não aparece no filme. O estádio,
com todas as modificações planejadas para o ano da Olimpíada, é mostrado de um ângulo
que a mantém oculta.
Da mesma forma, na região
da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá, onde ficarão a Vila
Olímpica e diversos prédios e
unidades relacionados aos Jogos, não foram mostradas as favelas de Cidade de Deus, Rio
das Pedras e Gardênia Azul.
Também o estádio João Havelange (o Engenhão, na zona
norte) aparece no filme em ângulo no qual não são mostradas
as favelas ao redor. Até as imagens panorâmicas, quase em
círculo, do Corcovado, não exibem os morros povoados que
existem nas vizinhanças, como
Dona Marta e Cerro Corá.
Responsável pela apresentação dos futuros pontos de competição, o diretor de esportes
do comitê, o ex-atleta Agberto
Guimarães, repetiu em sua palestra e em uma entrevista que
uma das metas da equipe é chamar a atenção dos avaliadores
do COI para a natureza privilegiada do Rio de Janeiro.
"A gente tem que explorar as
belezas do Rio, as praias", declarou Agberto, que mostrou
aos emissários do comitê olímpico uma foto da praia de Copacabana em que, à distância, a favela do Cantagalo é quase que
obscurecida pelos raios solares.
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