São Paulo, quinta-feira, 30 de abril de 2009

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Romário vira cartola e, agora, prega disciplina

Ex-artilheiro é trunfo do centenário América-RJ

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Com mais de mil gols nos gramados, segundo suas contas, Romário, 43, começa hoje uma nova carreira. Aposentado desde o final de 2007, ele será apresentado no América como o principal trunfo do centenário clube do Rio para voltar à primeira divisão estadual. O ex-atacante será uma espécie de garoto-propaganda para conseguir patrocinadores para o seu time de coração. E pode virar gestor do clube depois. Romário permanece polêmico. Em entrevista à Folha, o ex-jogador, que já fugiu de concentrações durante as viagens com os times que jogou, declarou que a disciplina é fundamental para um futebolista ter sucesso na carreira.

 

FOLHA - Qual o motivo que o levou ao América?
ROMÁRIO
- Na verdade, estou numa de ajudar o clube a correr atrás de investidores e patrocinadores. Queremos fazer um time legal para levar o América para a primeira divisão. Não quero ganhar nada com isso. Estou aqui mais como torcedor. Isso pode até virar profissão, mas, por enquanto, é apenas a minha paixão.

FOLHA - Qual será sua função?
ROMÁRIO
- Não vou ficar no dia a dia do América. Quero apenas viabilizar patrocínios para o clube. Depois, posso ser o gestor do futebol do time. Vocês sabem como é difícil isso, principalmente no futebol carioca, que tem uma falta de credibilidade fodida e é uma sacanagem do caralho. Imagina no América, na segunda divisão.

FOLHA - Agora do lado de fora, o que você acha fundamental para um atleta ter sucesso?
ROMÁRIO
- No futebol de hoje, a disciplina é uma coisa que o jogador precisa. Isso nunca foi uma marca minha [risos]. Mas o futebol está cada vez mais profissional. Não vou ser disciplinador. Vou ser o cara de sempre, mas cada um tem a sua maneira de cobrar. Espero que a minha maneira seja positiva.

FOLHA - Um jovem como você foi teria lugar no América?
ROMÁRIO
- Nunca gostei de treinar e concentrar. Mas, para jogar até 41 anos, tive que fazer isso. As pessoas não precisam só fazer o que gostam. Mas, se esse garoto der resultado no campo, a multa será menor [risos].

FOLHA - Você sente falta de algo do tempo de jogador?
ROMÁRIO
- Não vejo muito jogo, mas, quando olho na TV, dá aquela coisinha. Não é falta, mas uma saudadezinha. Posso dizer que joguei até o limite, mas nunca fiquei de saco cheio do futebol, dos 90 minutos. Enchi o saco de uma porrada de coisa que tinha ligação com o futebol. Vocês, da imprensa, eram chatos. Hoje estou aqui pedindo ajuda. Vê como são as coisas. Elas mudam [risos].

FOLHA - O que você está achando da volta do Ronaldo?
ROMÁRIO
- Tem gols que só ele faz. Aqueles [contra o Santos] são exemplo. É legal ver ele dando a volta por cima. Acho que o primeiro gol foi o mais difícil. Às vezes, o que é mais bonito não é mais difícil.

FOLHA - O que achou da saída do Adriano da Inter de Milão?
ROMÁRIO
- Entendo totalmente o Adriano. Passei por isso no Barcelona. Perdi dinheiro para jogar no Flamengo, mas fiz o que queria. Ele tem toda a razão. Sou da favela e sempre vou lá. Se se sente bem lá, está certo. Gosto dessa frase que vou dizer: a gente só sente falta do que teve. Entendeu? Se ele nascesse no Leblon, só sentiria falta do Leblon. Se foi criado na favela, vai sentir falta de lá.

FOLHA - Você está fazendo mesmo depilação no corpo?
ROMÁRIO
- A minha esposa aluga essas máquinas para clínica, e virei a cobaia [risos]. Minha mãe resmungou. Tirar os pelos é para gente que tem a cabeça mais aberta, mas minha mãe sabe o filho que tem.


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