São Paulo, sábado, 30 de maio de 2009

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MOTOR

A mágica do sonho


Após vencer pela 3ª vez em Indianápolis, Castro Neves recorreu à magia para tentar explicar o que é inexplicável


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

"ESTE LUGAR é mágico!" Depois de descer do carro e do alambrado, Castro Neves dedicou as suas primeiras palavras à Penske, à família, aos torcedores. E então derreteu-se em alusões a uma certa mística de Indianápolis.
Mágica?
Até 28 de maio de 2001, o ribeirão--pretano nunca havia vencido uma prova em oval. A Penske voltava ao evento após seis anos, e o piloto largava em 11º, fruto de desempenho modesto nos treinos. Castro Neves foi punido por saída irregular dos boxes e só alcançou a ponta na 149ª das 200 voltas, lutando contra Gil, mais forte em todo o mês. Na última parada, foi superado pelo compatriota. Deu o troco em pleno pit lane. Colocou o primeiro anel nos dedos.
Mágica?
Em 27 de maio de 2002, Castro Neves largou em 13º e só assumiu a liderança a 23 voltas do fim. Com um pit a menos que seus rivais, teve de poupar combustível, perdeu terreno e foi superado por Tracy, acredite, na última volta. Mas última volta não é bandeirada: retomou a ponta e, poucos segundos depois, Redón e Lazier bateram. Bandeira amarela. Colocou o segundo anel nos dedos.
Mágica?
No último domingo, Castro Neves já tinha um enorme motivo para sorrir. Largava na pole 233 dias após comparecer a uma audiência com correntes nos pés e 37 dias depois de se ver livre de acusações por fraude. Pouco antes da largada, teve problemas no rádio. Na prova, no câmbio. Perdeu posições, mas retornou à primeira colocação na 141ª volta. Colocou o terceiro anel nos dedos.
Mágica não existe, dirão os céticos. O que há é a combinação do acaso com talento e com competência. Ok. Mas a mágica aqui não é aquela do coelho na cartola. É a mágica que tantas vezes torna azarões em heróis, que emociona. Que nos faz fãs dessa coisa chamada esporte. A mágica recriada do sonho como escreveu Vinícius no seu "Cântico".
Mágica?
Sim. É indescritível e talvez inexplicável. Mas é delicioso ter a certeza, como quando éramos crianças, que algumas vezes ela se faz.

JOGO DE CENA
Oh, o suspense acabou! Na quinta, a Fota fez uma contraproposta à FIA: teto de custos mais elevado em 2010, com redução gradual. Ontem, as nove equipes da F-1 que ainda estavam fazendo biquinho protocolaram suas inscrições. A Ferrari vai correr. Oh, como os bastidores da F-1 são previsíveis!

JOGO DE GUERRA
Sem alarde, a F-2 de Mosley inicia neste final de semana sua temporada, em Valencia. Uma categoria que não diz a que vem, cujo único espírito é fazer frente à GP2 de Ecclestone. Talvez satisfeitos com tanta confusão no topo, os dois dirigentes agora fazem salseiro na base.

fabio.seixas@grupofolha.com.br


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