São Paulo, domingo, 30 de maio de 2010

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TOSTÃO

A mesmice no futebol


Por causa da bagunça de 2006, Dunga, que adora regras, mudou a relação da seleção com mídia e fãs

JOHANNESBURGO - É minha sétima Copa, duas como jogador e cinco como comentarista. O Mundial é a maior competição de futebol, mas não é uma guerra nem a coisa mais importante do mundo.
O novo caderno Esporte da Folha recebeu muitos elogios e também críticas. Um leitor afirmou que continua a mesmice de algumas opiniões. Não citou nomes. Ele tem certa razão.
Sempre que escrevo, tenho a sensação de que eu, ou alguém, já disse o mesmo ou coisa parecida, com outras palavras. É difícil fugir da mesmice. Só os gênios são originais. A vida, na maior parte do tempo, é uma mesmice. Ela só se torna especial quando emociona e surpreende.
Como a rígida seleção brasileira não vai surpreender, mesmo que jogue bem e/ou vença, será difícil também para a imprensa sair da mesmice.
Como a preparação para a Copa da Alemanha, em 2006, foi duramente criticada, Dunga, que adora regras, mudou o relacionamento da seleção com a imprensa e com o público.
Dunga diminuiu o número de entrevistas coletivas, de entrevistados e acabou com o corredor, um estreito espaço por onde os jogadores passavam antes e depois dos treinamentos.
Dunga fez muito bem. Os atletas correm dos repórteres, e estes correm atrás dos atletas.
As entrevistas coletivas costumam ser uma chatice. Os jogadores e o treinador só respondem ao que querem, e os repórteres, com frequência, perguntam apenas o que já sabem a resposta. Pouco se aproveita.
A seleção brasileira está hospedada em um hotel reservado, como em 2006. Acho isso bom, mas faz pouca diferença. O Brasil já ganhou e perdeu Copas com vários tipos de concentrações.
As famosas baladas de 2006 ocorreram nos dias e nos horários de folga. Nesses dias, os jogadores vão rezar, passear, e alguns vão se divertir, cada um de seu jeito. Foi sempre assim.
Será que não haverá folga nesta Copa do Mundo?
Ficar preso todo o tempo também não é bom.
Não dou importância às proibições para a imprensa tirar fotos e fazer imagens e para a presença de público. Por causa do excessivo número de torcedores nos treinamentos em 2006, Dunga quer mostrar que a coisa agora é séria e exagera. Os jogadores também gostam de aplauso.
Dunga também está certo em não permitir a instalação de tendas perto do gramado, durante os treinamentos, para os patrocinadores e seus convidados. Vira uma festa.
Espero também que Dunga acabe com os privilégios de parte da imprensa.


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