São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2005

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Seleção faz 4 a 1 em rival, leva o título da Copa das Confederações e mostra que esquema é viável

Quarteto acerta o passo, repica a Argentina e samba no pódio

FÁBIO VICTOR
PAULO COBOS
ENVIADOS ESPECIAIS A FRANKFURT

Ganhar da Argentina foi só a cereja no bolo da seleção. Ao impor 4 a 1 sobre sua maior rival, ontem, em Frankfurt, na final da Copa das Confederações, o Brasil fez muito mais que vingar os 3 a 1 sofridos em Buenos Aires há três semanas, pelas eliminatórias.
Provou que é possível ser ofensivo e eficiente ao mesmo tempo, a maior desconfiança do técnico Carlos Alberto Parreira.
O técnico que conduziu a seleção ao título mundial de 1994 manteve durante toda a competição alemã uma formação ousada, ancorada no quarteto ofensivo integrado por Kaká, Ronaldinho, Robinho e Adriano -Ronaldo foi poupado da competição.
E ontem, como em quase todo o torneio, os quatro não decepcionaram. Ao contrário, conduziram o time nacional ao placar mais dilatado sobre os argentinos desde 1968 -quando, no Maracanã, bateu seu maior adversário pelo mesmo placar de ontem.
Adriano, artilheiro do campeonato e eleito o melhor da competição, fez dois gols. Kaká marcou um, e Ronaldinho, o primeiro jogador de frente brasileiro a levantar como capitão do time a taça de uma competição Fifa, outro.
Robinho, o menos brilhante dos quatro ontem, passou em branco naquele que pode ter sido o seu último jogo na seleção como jogador do Santos, já que deve ir para o Real Madrid -mesmo assim, fez alguns lances de efeito e mandou uma bola no travessão.
O placar não traduziu a quase irretocável atuação da seleção ontem. O time verde-amarelo, que dominou do início ao final a partida, desperdiçou inúmeras outras boas oportunidades.
Além dos integrantes do quarteto, Cicinho também esteve numa jornada inspirada, iniciando as jogadas dos quatro gols. Outro destaque foi o zagueiro Lúcio.
Os brasileiros festejaram a vitória com uma roda de samba no gramado e no pódio, tocando eles próprios os instrumentos, uma cena inédita em torneio da Fifa -normalmente, há uma formalidade nas premiações. Também deram peixinhos no campo e, como haviam feito na conquista do pentacampeonato há três anos, ajoelharam em círculo e rezaram.
Após o jogo, os atletas passaram rapidamente pela zona mista, área reservada às entrevistas, sem falar com ninguém. Como já ocorrera no título da Copa Coréia/Japão, em 2002, saíram batucando, cantando e sambando.
O início da partida, disputada sob um temporal contido apenas parcialmente pelo teto retrátil do Waldstadion, foi quase um negativo dos 3 a 1 de Buenos Aires. Da mesma forma, uma equipe fulminou a outra logo nos instantes iniciais, só que desta vez a vítima foi a Argentina. Adriano e Kaká fizeram 2 a 0 em 16 minutos.
Foi a primeira decisão entre os arqui-rivais num torneio adulto da Fifa. Com a vitória, o Brasil alcançou sua primeira conquista oficial na Europa desde 1958, quando obteve na Suécia a sua primeira Copa do Mundo.
A Argentina continua sem jamais ter ganho nada no velho continente em equipes principais -o arqui-rival está ainda há mais de uma década na ""fila" em competições oficiais adultas.
Foi o segundo título da seleção brasileira na Copa das Confederações (o primeiro fora em 1997, na Arábia Saudita, primeira edição com a chancela da Fifa). Os brasileiros se igualaram aos franceses como maiores vencedores da Copa das Confederações -desde 1999 o Brasil não chegava à final.
O Brasil só volta a campo em agosto, para um amistoso contra a Croácia. Pelas eliminatórias, em que precisa de apenas um ponto nos três jogos restantes para garantir vaga na Copa-2006 (também acontecerá em território alemão), tem compromisso agendado para setembro, contra o Chile, possivelmente em Brasília.


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