São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Adriano se diz perseguido por mídia brasileira

Atacante fala só com jornalistas estrangeiros e afirma que imprensa do país quer tirá-lo do time desde Copa América

"Isso me chateia. Eu sofri muito para chegar a titular", desabafa o autor de dois gols neste Mundial e um dos mais contestados na seleção


DOS ENVIADOS A BERGISCH GLADBACH

Ele resolveu abrir a boca (de forma seletiva) e acusou a imprensa de persegui-lo. Mas o Adriano que fez isso está bem longe do jogador que foi até antes da Copa o grande destaque da era Carlos Alberto Parreira.
O atacante rompeu ontem o silêncio que já durava uma semana. ""Desde a Copa América [em 2004], eles [os jornalistas do Brasil] estão dizendo que tenho que sair do time. Isso me chateia. Sofri muito para chegar a titular. Lutei com toda a minha força para isto", declarou o atacante, que aceitou conversar com somente os jornalistas estrangeiros.
O ataque de Adriano aos críticos acontece depois de sua produção na seleção cair. Artilheiro da era Parreira, com média de 0,72 gol por jogo até antes do início do Mundial, ele viu essa média diminuir para 0,67 na Copa (isso porque fez um gol contra Gana nas oitavas em claro impedimento).
Os números do Datafolha mostram outros pontos em que ele caiu. Entre 2003, quando foi chamado por Parreira pela primeira vez, e a estréia na Copa, ele finalizava, em média, três vezes por jogo. No Mundial, são só duas finalizações por partida. A falta de controle de bola dele é evidente agora. Ninguém perde na seleção durante o Mundial tantas bolas dominadas como ele -são quase dez por jogo em média, 50% a mais do que nos jogos pré-Copa.
Adriano é hoje um dos mais contestados titulares da seleção. Na semana passada, ele foi barrado por Parreira na partida contra o Japão. Voltou ao time contra Gana beneficiado pela contusão de Robinho.
Na rápida entrevista à imprensa internacional, o atacante disse que não dá importância aos jornalistas brasileiros.
""Não sei por que [sofro as críticas]. Digo sempre que quem ri por último ri melhor. Não lhes dou importância", disse Adriano, que surpreendeu na terça. Mesmo tendo marcado o gol 200 da seleção em Copas, deixou o estádio em silêncio.
Para justificar as atuações fracas, o atacante da Inter de Milão disse que está jogando fora de posição. ""Estou fazendo um sacrifício, porque minha posição não é esta. Tenho que ajudar o meio-campo, coisa que não faço na Inter. Estou voltando para buscar a bola, mas é a minha única opção e tenho que fazer isso muito bem."
Embora não esconda a irritação com os seus críticos, Adriano disse que está acostumado com a pressão para jogar bem.
""Sei disto. Nós temos a pressão de ganhar sempre bem aqui. Não podemos jogar mal. Até agora, estamos satisfeitos", declarou o jogador, que negou ter proposta do Real Madrid. (EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)

Texto Anterior: Ferramenta: Lúcio diz que bate se precisar
Próximo Texto: Time marca mais gols sem o camisa 7
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.