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Adriano se diz perseguido por mídia brasileira
Atacante fala só com jornalistas estrangeiros e afirma que imprensa do país quer tirá-lo do time desde Copa América
"Isso me chateia. Eu sofri muito para chegar a titular", desabafa o autor de dois gols neste Mundial e um dos mais contestados na seleção
DOS ENVIADOS A BERGISCH GLADBACH
Ele resolveu abrir a boca (de
forma seletiva) e acusou a imprensa de persegui-lo. Mas o
Adriano que fez isso está bem
longe do jogador que foi até antes da Copa o grande destaque
da era Carlos Alberto Parreira.
O atacante rompeu ontem o
silêncio que já durava uma semana. ""Desde a Copa América
[em 2004], eles [os jornalistas
do Brasil] estão dizendo que tenho que sair do time. Isso me
chateia. Sofri muito para chegar a titular. Lutei com toda a
minha força para isto", declarou o atacante, que aceitou
conversar com somente os jornalistas estrangeiros.
O ataque de Adriano aos críticos acontece depois de sua
produção na seleção cair. Artilheiro da era Parreira, com média de 0,72 gol por jogo até antes do início do Mundial, ele viu
essa média diminuir para 0,67
na Copa (isso porque fez um gol
contra Gana nas oitavas em claro impedimento).
Os números do Datafolha
mostram outros pontos em que
ele caiu. Entre 2003, quando foi
chamado por Parreira pela primeira vez, e a estréia na Copa,
ele finalizava, em média, três
vezes por jogo. No Mundial, são
só duas finalizações por partida. A falta de controle de bola
dele é evidente agora. Ninguém
perde na seleção durante o
Mundial tantas bolas dominadas como ele -são quase dez
por jogo em média, 50% a mais
do que nos jogos pré-Copa.
Adriano é hoje um dos mais
contestados titulares da seleção. Na semana passada, ele foi
barrado por Parreira na partida
contra o Japão. Voltou ao time
contra Gana beneficiado pela
contusão de Robinho.
Na rápida entrevista à imprensa internacional, o atacante disse que não dá importância
aos jornalistas brasileiros.
""Não sei por que [sofro as críticas]. Digo sempre que quem ri
por último ri melhor. Não lhes
dou importância", disse Adriano, que surpreendeu na terça.
Mesmo tendo marcado o gol
200 da seleção em Copas, deixou o estádio em silêncio.
Para justificar as atuações
fracas, o atacante da Inter de
Milão disse que está jogando
fora de posição. ""Estou fazendo
um sacrifício, porque minha
posição não é esta. Tenho que
ajudar o meio-campo, coisa que
não faço na Inter. Estou voltando para buscar a bola, mas é a
minha única opção e tenho que
fazer isso muito bem."
Embora não esconda a irritação com os seus críticos, Adriano disse que está acostumado
com a pressão para jogar bem.
""Sei disto. Nós temos a pressão de ganhar sempre bem
aqui. Não podemos jogar mal.
Até agora, estamos satisfeitos",
declarou o jogador, que negou
ter proposta do Real Madrid.
(EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
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