São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2006

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Honra marca 1º clássico de campeões

Criticados antes do Mundial, técnicos da tricampeã Alemanha e da bicampeã Argentina colocam dignidade em jogo hoje

Treinadores, que apostaram na renovação de seus times, vêem agora teste que pode coroar ou jogar no lixo o trabalho até este momento


GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A HERZOGENAURACH

Nem vaga na semifinal e nem a possibilidade de deixar o primeiro duelo entre campeões desta Copa com o moral elevado para disputar o troféu.
O que motiva Alemanha e Argentina a vencer o confronto de hoje, às 12h (de Brasília), no Estádio Olímpico de Berlim, é a defesa de conceitos que transformaram elencos duramente criticados antes do Mundial em sinônimos de popularidade e futebol vistoso. Em uma frase: ganhar é questão de honra.
Os dois técnicos mencionaram dignidade de suas equipes ao traçarem panoramas sobre o encontro. "Se nós perdermos, a discussão vai recomeçar. Não seria melhor nós termos um pouco mais de cautela? Primeiro garantir a defesa? Esperar pelo contra-ataque?", afirmou o treinador alemão Jürgen Klinsmann, que ousou garimpar jovens para dar vocação ofensiva à "Manschaft".
Sua idéia sempre foi ficar no mínimo entre os quatro primeiros, mas para isso precisará encerrar um hiato que incômodo. A seleção não bate um campeão mundial desde uma vitória sobre a Inglaterra, em 2000.
De lá para cá, fracassou em confrontos contra brasileiros, ingleses, franceses, italianos e argentinos. Não por acaso, só 10% da população do país acreditava que Klinsmann levaria o time às semifinais antes da Copa começar. Agora, após quatro triunfos seguidos na Copa, 87% acham que o placar de hoje será favorável aos anfitriões.
"Se não quisermos ficar abaixo de outras forças, temos de nos unir. Somos tricampeões do mundo [1954, 1974, 1990] e precisamos ganhar. Só assim nosso projeto será tido como um sucesso", disse Klinsmann.
Seu colega argentino também evocou glórias do passado para defender a permanência da seleção celeste no torneio.
José Pekerman lembrou ontem das campanhas vitoriosas em 1978 e 1986 para afirmar que o time argentino está motivado a romper a rotina das últimas três Copas do Mundo, quando o país caiu sempre antes da fase semifinal.
"Em cada um dos jogadores que estão aqui existe um pouco de nossa história, de nossos campeões. Pensamos grande", afirma o técnico, outro que trouxe atletas jovens para dar novos rumos à seleção.
O histórico do confronto serve de incentivo aos argentinos. Apesar de liderarem a contagem geral na disputa com os alemães -sete vitórias contra cinco-, ficam atrás quando só a Copa é analisada. Em quatro jogos, somam dois revezes, um triunfo e uma igualdade.
Talvez exista apenas um entusiasta que se dê por satisfeito em seguir perdendo tal contenda. Julio Grondona, presidente da Federação Argentina de Futebol, declarou que o objetivo da equipe sempre foi alcançar as quartas-de-final. A partir daí, o dever estaria cumprido.
Nesta hora, Pekerman ousa discordar até de seu patrão. "Procuro pensar como um torcedor e quero ver o meu país acima de todos", diz.
Ele resolveu temperar o encontro com um pouco de mistério e não revelou como sua equipe vai entrar em campo.
Já Klinsmann deseja repetir o que vem dando certo: jogadas velozes, chutes de longa distância e marcação intensa, principalmente sobre o meio-campista Riquelme.


NA TV - Alemanha x Argentina Globo, Bandsports, ESPN Brasil, Sportv e Directv, ao vivo, às 12h

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