São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2006

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Clóvis Rossi

Juízes e beques

ROB HUGHES, colunista de futebol do global "International Herald Tribune", o único capaz de competir com o time de colunistas da Folha, comete uma ousadia formidável: "Pode ser irracional simpatizar com os árbitros, mas eu simpatizo", escreveu ontem.
Justo na hora em que o foco virou para os juízes, depois do pênalti a favor da Itália, do gol em impedimento de Adriano, da camisa que o eslovaco Lubos Michel pediu a Ronaldo, do recorde de cartões em Portugal x Holanda?
Pois é. A tese de Hughes é simples e merece atenção: à falta de evidências de corrupção, os erros dos árbitros devem ser atribuídos à fadiga. "Ganham US$ 40 mil. Em condições frias, o suficiente. A 27 C e 60% de umidade [do ar], não tanto. (...) Jogadores podem ganhar descanso dos técnicos. Juízes têm que perseverar, sob a terrível advertência da Fifa de que os humilharia ou os dispensaria se a performance for insuficiente."
Fadiga ou não, a simpatia é insuficiente para despachar a teoria conspiratória que diz que a Alemanha está condenada a, no mínimo, chegar à final, por ser um dos "grandes" e, acima do tudo, a organizadora da Copa.
Não sou muito adepto de teorias conspiratórias, mas é óbvio que os erros dos juízes têm sido invariavelmente a favor dos "grandes". E a Alemanha, no futebol como na vida, é "maior" que a Argentina.

 

Mais que respeito, tenho reverência por Tostão, como jogador e como colunista. Incomoda-me por isso a grande discrepância entre nós dois na avaliação da zaga brasileira (também com o Juca Kfouri, mas o Juca é do mesmo planeta).
Que bom que a coluna de Tostão deixa claro que tudo é maneira pessoal de ver o jogo. A avaliação dele só difere da minha, aliás, em uma palavra.
"Os quatro fracos adversários criaram muitas situações de gol em todas as partidas. Isso nunca ocorrera com a seleção brasileira" (até aqui, acordo total). "O Brasil não sofreu mais gols por causa da ruindade dos atacantes e das boas atuações de Dida e dos zagueiros" (até Dida, continuamos de acordo).
Mas, no meu modo de ver o jogo, se os adversários eram fracos, mas o Brasil permitiu criar quantidade inédita de situações de gol e Dida salvou a pátria, é porque os zagueiros falharam.

crossi@uol.com.br

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