São Paulo, sábado, 30 de junho de 2007

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Corinthians põe à prova sua imunidade à política

Às vésperas de clássico, oposição esquece rivalidade e prega queda de Dualib

Carpegiani levou atletas ao interior para evitar que o clima político prejudique o desempenho justamente ante o arqui-rival Palmeiras


RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Corinthians "arrumado" deste início de Brasileiro encara hoje seu maior teste até agora. Não apenas por jogar um clássico contra o arqui-rival, o Palmeiras, mas também por ter a oportunidade de mostrar que, sob o comando de Paulo César Carpegiani, o time mudou tanto a ponto de ser capaz até de não ser influenciado por problemas políticos do clube.
Enquanto dentro de campo a concentração toda está voltada para o tradicional duelo de hoje, nos bastidores do Parque São Jorge, a partida, às vésperas de acontecer, foi colocada em segundo plano por toda a cúpula do Corinthians.
Depois da reunião de anteontem do Conselho Deliberativo, que decidiu por 171 votos a 129 pela reprovação das contas do clube -uma dura derrota para a situação, a primeira de Dualib desde que assumiu a presidência corintiana, em 1993-, os oposicionistas falam em pedir o "impeachment" de Dualib.
Eles tomam como base justamente o "não" dos conselheiros ao balanço de 2006 e se apegam a artigos da Lei Pelé para pôr em prática o processo que pode resultar em mudança na presidência do clube alvinegro.
Segundo Rubens Approbato Machado, conselheiro oposicionista e que hoje é o presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), a reprovação das contas pode ser entendida como a inadimplência do clube com suas dívidas, o que abriria espaço para o afastamento de toda a atual diretoria, conforme rege a Lei Pelé.
Inclui-se nisso a situação e Dualib. Ele e seu corpo de comando, num primeiro momento, teriam de ser afastados por deliberação do conselho e participariam de um processo de defesa, que pode ou não culminar na saída definitiva.
"Comentei isso, mas não cobrei nem vou cobrar nada. A lei é clara. Quem tem que tomar essa atitude é o conselho", explica Approbato. A situação, por enquanto, diz desconhecer qualquer indício de que Dualib possa sofrer um processo de "impeachment". "Não estou sabendo disso por enquanto", diz Jorge Kalil, vice de marketing.
Justamente por causa desse clima bélico na política corintiana é que o técnico Paulo César Carpegiani levou seus comandados a Itu, de onde só saem hoje para ir ao Morumbi enfrentar o Palmeiras.
Isso para manter o bom ambiente no elenco. A fase de recuperação do Corinthians, registrada neste início do Brasileiro, com a volta de vitórias e a permanência na parte de cima da tabela, ocorreu durante relativa calmaria na política.
O técnico parece ter, de fato, associado isso ao bom funcionamento de seu time em campo. Providencialmente, ele escolheu os últimos três dias como ideais para um período de concentração e treinos bem longe do Parque São Jorge, onde, no mesmo período, a política do clube reavivou os ânimos.
"Pensei em fazer uma concentração na semana passada, mas decidimos por esta mesmo. Até coincidiu com o momento do clube. Imagine o elenco lá [treinando no Parque São Jorge], com todo aquele momento político. Eu quis que os jogadores não se envolvessem", explicou Carpegiani.
O peso do clássico mais tradicional do Estado o "novo" Corinthians conhecerá hoje. Já com relação aos danos das disputas internas, Carpegiani preferiu pular a experiência.


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