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Corinthians põe à prova sua imunidade à política
Às vésperas de clássico, oposição esquece rivalidade e prega queda de Dualib
Carpegiani levou atletas ao interior para evitar que o clima político prejudique
o desempenho justamente ante o arqui-rival Palmeiras
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Corinthians "arrumado"
deste início de Brasileiro encara hoje seu maior teste até agora. Não apenas por jogar um
clássico contra o arqui-rival, o
Palmeiras, mas também por ter
a oportunidade de mostrar que,
sob o comando de Paulo César
Carpegiani, o time mudou tanto a ponto de ser capaz até de
não ser influenciado por problemas políticos do clube.
Enquanto dentro de campo a
concentração toda está voltada
para o tradicional duelo de hoje, nos bastidores do Parque
São Jorge, a partida, às vésperas de acontecer, foi colocada
em segundo plano por toda a
cúpula do Corinthians.
Depois da reunião de anteontem do Conselho Deliberativo,
que decidiu por 171 votos a 129
pela reprovação das contas do
clube -uma dura derrota para
a situação, a primeira de Dualib
desde que assumiu a presidência corintiana, em 1993-, os
oposicionistas falam em pedir o
"impeachment" de Dualib.
Eles tomam como base justamente o "não" dos conselheiros
ao balanço de 2006 e se apegam
a artigos da Lei Pelé para pôr
em prática o processo que pode
resultar em mudança na presidência do clube alvinegro.
Segundo Rubens Approbato
Machado, conselheiro oposicionista e que hoje é o presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), a
reprovação das contas pode ser
entendida como a inadimplência do clube com suas dívidas, o
que abriria espaço para o afastamento de toda a atual diretoria, conforme rege a Lei Pelé.
Inclui-se nisso a situação e
Dualib. Ele e seu corpo de comando, num primeiro momento, teriam de ser afastados por
deliberação do conselho e participariam de um processo de
defesa, que pode ou não culminar na saída definitiva.
"Comentei isso, mas não cobrei nem vou cobrar nada. A lei
é clara. Quem tem que tomar
essa atitude é o conselho", explica Approbato. A situação,
por enquanto, diz desconhecer
qualquer indício de que Dualib
possa sofrer um processo de
"impeachment". "Não estou sabendo disso por enquanto", diz
Jorge Kalil, vice de marketing.
Justamente por causa desse
clima bélico na política corintiana é que o técnico Paulo César Carpegiani levou seus comandados a Itu, de onde só
saem hoje para ir ao Morumbi
enfrentar o Palmeiras.
Isso para manter o bom ambiente no elenco. A fase de recuperação do Corinthians, registrada neste início do Brasileiro, com a volta de vitórias e a
permanência na parte de cima
da tabela, ocorreu durante relativa calmaria na política.
O técnico parece ter, de fato,
associado isso ao bom funcionamento de seu time em campo. Providencialmente, ele escolheu os últimos três dias como ideais para um período de
concentração e treinos bem
longe do Parque São Jorge, onde, no mesmo período, a política do clube reavivou os ânimos.
"Pensei em fazer uma concentração na semana passada,
mas decidimos por esta mesmo. Até coincidiu com o momento do clube. Imagine o
elenco lá [treinando no Parque
São Jorge], com todo aquele
momento político. Eu quis que
os jogadores não se envolvessem", explicou Carpegiani.
O peso do clássico mais tradicional do Estado o "novo" Corinthians conhecerá hoje. Já
com relação aos danos das disputas internas, Carpegiani preferiu pular a experiência.
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