São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2008

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JUCA KFOURI

A Espanha ganha tudo


Tudo aquilo que o esporte brasileiro conseguia 50 anos atrás, o esporte espanhol está conseguindo hoje em dia

A ESPANHA deu mais uma demonstração de como a democracia fez bem ao seu esporte.
O bicampeonato da Eurocopa, num jogo em que o 1 a 0 não mostrou a superioridade espanhola sobre os alemães, vem se somar a uma série de triunfos esportivos.
Até no futsal eles são os atuais bicampeões mundiais, recheados de brasileiros, é verdade, assim como Marcos Senna está na Fúria.
Mas não é só com a bola nos pés que os espanhóis têm se dado bem, muito bem, aliás.
Com ela nas mãos, por exemplo, no basquete masculino, são os atuais campeões mundiais. Com ela na raquete, foram campeões da Taça Davis em 2000 e em 2004, com sua armada hoje capitaneada por Rafael Nadal. E tem ainda Fernando Alonso, bicampeão na F-1, nas temporadas de 2005 e 2006.
A festa espanhola ontem, em Viena, revelou, ainda, como é possível ser campeão sem ter medo e como são misteriosas as idiossincrasias dos técnicos de futebol: Luis Aragonés barrou o ídolo Raúl, mas se deu bem com Marcos Senna, que foi mandado embora do Corinthians por Vanderlei Luxemburgo.
Quem é o próximo?
Eurico Miranda caiu. A importância de sua queda é diretamente proporcional à necessidade de Roberto Dinamite ser exemplar.
A simpatia pela causa da então oposição vascaína era mesmo obrigatória, como é obrigatório, agora, que a nova gestão seja fiscalizada e cobrada. Claro que com a paciência que se exige diante de um quadro de descalabro deixado pelos métodos do pequeno ditador.
Pequeno em tantas coisas, embora capaz de grandes prejuízos, assim como a permanência de velhos esquemas e nomes em clubes como o Bahia, o Atlético-MG, o Santos, entre outros, só têm causado males que se aprofundam perigosa e irremediavelmente.
A tal ponto que faz sentido perguntar: devemos esquecer essas figuras nefastas que infelicitam tanta gente? Como viverá Eurico Miranda daqui para a frente? Viverá rindo de nossa cara, sem nunca mais pisar em São Januário como é comum nos cartolas que exploram nossos clubes? Será uma reedição de Edmundo Santos Silva, que vive feito um nababo no país da impunidade? Ou pelo menos viverá atormentado como Alberto Dualib?

Faz 50 anos
Faz 50 anos que, numa segunda-feira como hoje, um menino de pouco mais de oito anos acordou se sentindo dono do mundo.
Inesquecível o sentimento de superioridade e a sensação de que dali para a frente tudo seria melhor.
Tínhamos Didi, Pelé, Mané, Amaury, Wlamir, Maria Esther Bueno, Eder Jofre, Manoel dos Santos, tantos.
João Gilberto, Antonio Carlos Jobim e até um tal Cinema Novo do qual o garoto ainda sacava pouco.
E tínhamos um certo JK. Aquele sim! Mas ele morreu cassado por um golpe infame, e o Brasil se perdeu.
O futebol e a música ainda nos enchem de orgulho, mas não há mais nenhum JK que simbolize o que ele simbolizava sorridente.
Já o rei Juan Carlos e o primeiro-ministro Zapatero na Espanha...

blogdojuca@uol.com.br



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