São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2008

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Blatter monta plano B para 2010

Presidente da Fifa fala pela primeira vez que há segunda opção para a pioneira Copa na África do Sul

Dirigente suíço aponta só "catástrofes naturais" como possíveis complicadores, porém atrasos em obras e violência já são problemas

DA REPORTAGEM LOCAL

Joseph Blatter, o presidente da Fifa, admitiu ontem pela primeira vez trabalhar com um plano B para a Copa de 2010. Isso por causa de alguns atrasos e problemas na África do Sul, primeiro país africano a ser apontado como sede de Mundial.
"Seria um presidente negligente se não tivesse em alguma parte um plano B", falou Blatter, que sempre foi um grande defensor na Fifa da realização de uma Copa na África.
Blatter, que esteve ontem em Viena acompanhando a final da Eurocopa, disse que ""somente uma catástrofe natural poderia ativar" o plano B para 2010.
Os atrasos em obras e os problemas com segurança não foram apontados pelo dirigente como possíveis causas para um adiamento do primeiro Mundial africano. Recentemente, casos de violência por xenofobia também ganharam as manchetes na África do Sul.
"Se tivermos que ativar o plano B, tomaremos nossa decisão depois da Copa das Confederações", afirmou Blatter, lembrando que o tradicional torneio que serve como laboratório para a Copa acontecerá na África do Sul no ano que vem.
Nessa competição, que a própria Fifa considera ""ensaio geral" para o Mundial, serão testadas inclusive novidades na arbitragem. O dirigente suíço disse que será usada a ""arbitragem a seis" -haverá nas partidas a presença de dois assistentes suplementares que cuidarão especificamente das áreas.
"Será interessante no plano psicológico, uma vez que os jogadores se sentirão observados na área", falou Blatter para a ORF, uma televisão austríaca.
O presidente da Fifa rechaçou mais uma vez aproveitar o uso do vídeo como ferramenta para a arbitragem, isso mesmo na Copa das Confederações.
Após confirmar que a Fifa pensa em um plano B, Blatter deu como mostra de confiança nos sul-africanos a informação de que serão distribuídas 150 mil entradas gratuitamente para a população do país.
"Vamos oferecer 150 mil ingressos grátis para os sul-africanos", falou o dirigente, após ser indagado sobre a capacidade econômica dos habitantes do país-sede da Copa-2010.
O número de desempregados na África do Sul bate por vezes nos 40% da população, que ganha em média cerca de 700 euros por mês. ""Queremos que a população sul-africana participe do evento. Sem ela, não teria sentido", disse Blatter, que reconheceu que será preciso um estudo de como se repartir as entradas para o Mundial.
A minoria branca na África do Sul tem, segundo pesquisas, salários quatro ou cinco vezes maiores que a maioria negra.
"Eu penso que ocorreu um mal-entendido no mundo sobre esse chamado plano B. Isso simplesmente não foi real", disse Danny Jordaan, responsável pelo Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2010 sobre o que Blatter falou ontem.
Há uma confiança de que a Copa das Confederações, torneio que reúne apenas oito seleções, será realizada sem problemas. Cinco estádios serão usados e não há grandes problemas com esses -só o estádio novo em Port Elizabeth ainda precisa ser completado.
Após perder para a Alemanha o direito de abrigar a Copa de 2006 em polêmica votação na Fifa, a África do Sul virou o primeiro país africano sede de Mundial. Na ocasião, o rodízio de continentes na organização do torneio vigorava, o que não haverá mais, segundo a Fifa.
Em 2014, a disputa será na América do Sul, no Brasil.


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