São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2010

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Ego volta a atormentar a Holanda

Van Persie, substituído na última partida, resgata rixa com Sneijder

DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO

A Holanda pode ter mudado seu jeito de jogar nesta Copa, mas repete na África do Sul o que sempre foi uma marca das seleções do país: as brigas entre os jogadores.
Os protagonistas da vez são o atacante Van Persie e o meia Sneijder. Na vitória holandesa sobre a Eslováquia por 2 a 1, anteontem, Van Persie, ao ser substituído, reclamou com o técnico Bert van Marwijk de que quem deveria sair era Sneijder.
A atitude do avante fez voltar à tona um assunto que todos já davam como encerrado. Em 2008, em um jogo com a Rússia pela Eurocopa, os dois jogadores brigaram por causa de uma cobrança de falta. Van Persie, agora, demonstra que a irritação com o colega não acabou.
O entrevero fez o treinador holandês se reunir a portas fechadas com o grupo após a vitória sobre os eslovacos para "lavar a roupa suja".
Ontem, Van Marwijk jurou que o assunto está encerrado. Ao mesmo tempo, disse que o segredo para criar uma equipe unida é não ser "bonzinho" ou "amigável".
"A mensagem mais importante é a que eu dei no primeiro dia com os jogadores. Você vê expressões como "equipe" que soam boazinhas e amigáveis. Mas, se você for assim, eu realmente não acredito que você consegue ter sucesso", declarou.
"Você não precisa ter amigos verdadeiros no time, mas precisa aceitar as qualidades dos outros e respeitá-las. Só assim é possível ser um time realmente bom", afirmou.

HISTÓRICO DE EMBATES
A rixa entre Van Persie e Sneijder soma-se a um histórico extenso de embates dos "laranjas". Johan Cruyff, o maior jogador holandês de todos os tempos, brigou com Wim van Hanegem antes de ambos se aposentarem da seleção, em 1978.
O volante Davids foi cortado da seleção holandesa que disputou a Eurocopa de 1996 depois de acusar o técnico Guus Hiddink de favorecer alguns jogadores da equipe.
As diferenças entre jogadores brancos e negros também marcaram várias seleções montadas pela Holanda. Isso ficou evidente nas duas Copas anteriores.
"Em 2002 [na Coreia do Sul e no Japão] e em 2006 [na Alemanha], não havia clima, os jogadores não estavam unidos. Cada um seguiu o próprio caminho", afirmou Snejder, que diz já ter "perdoado" o desafeto Van Persie. O primeiro atua na Itália (Inter de Milão), e o segundo, na Inglaterra (Arsenal).
"Chegamos até aqui priorizando o espírito de equipe, e não o individual. Todos têm essa consciência, e é realmente o mais importante em uma Copa do Mundo", acrescentou Sneijder, que quer o time com o mesmo "espírito de união" que vê em seu clube, que foi campeão italiano e europeu neste ano. (EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ, PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)



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