São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2010

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Erramos

Após dois erros crassos, Blatter volta atrás, admite com parcimônia o uso de tecnologia e ainda pede desculpas a mexicanos e ingleses

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A PRETÓRIA

Após dois erros crassos de arbitragem na Copa-2010, a Fifa recuou e abriu uma brecha para a introdução da tecnologia no auxílio aos árbitros depois deste Mundial.
Mas sua cúpula mostra resistências em relação ao chip na bola e ao uso de televisões. Ambos identificariam que a bola entrou no chute de Lampard, Alemanha x Inglaterra, e que Tevez estava impedido ao abrir o placar em Argentina x México.
Árbitros e assistentes do Mundial vivem ansiosa expectativa, mas dão opiniões cautelosas -já que são proibidos de falar sobre o tema.
"Depois do que vimos, seria um nonsense não abrir a questão da tecnologia de novo no encontro [da International Football Association Board]", afirmou o presidente da Fifa, Joseph Blatter.
A nova reunião será em julho. Em março, o órgão tinha vetado a eletrônica. "Viremos com novo modelo para melhorar o controle do jogo", disse ele, que pediu desculpas a ingleses e mexicanos.
Sua fala é oposta à dele próprio antes da Copa, quando disse que "não haveria tecnologia no futebol" porque são as discussões que aumentam a paixão.
Mas ficou claro que sua resistência a mudanças continua. "Quanto à possibilidade de o assistente ver o replay no monitor, temos que lembrar que o futebol não para."
Blatter ainda disse que o sistema de chip na bola -para identificar se ela entrou no gol- é muito complicado. "É usado no tênis, mas não é 100% preciso porque é com câmera e pode haver o goleiro ou um jogador na frente."
A Adidas fará mais testes para tentar ajustar o equipamento. E a Fifa ainda estuda usar dois assistentes a mais. Mas o chefe dos árbitros, José Maria Aranda, disse que, por enquanto, nenhum juiz pode olhar para telões.
"São só para os torcedores."
Assistentes e árbitros admitiram que é preciso concentração para olhar só para o jogo e esquecer telões que passaram replays de lances controversos, contrariando a Fifa. Agora, foram vetados.
Um dos poucos a comentar a questão, o juiz colombiano Oscar Ruiz indicou ser contrário à introdução da tecnologia. "Muitos esportes, como o futebol americano, usaram e depois desistiram."
A maioria se esquiva das perguntas. "Que tal falar da temperatura?", disse o brasileiro Carlos Eugênio Simon.


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