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pan 2003
Novaderm, creme que teria sido usado pela saltadora brasileira, contém clostebol, substância vetada pela Wada
Droga de Maurren é 1ª da lista do doping
ADALBERTO LEISTER FILHO
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O clostebol, substância detectada no exame da saltadora Maurren Higa Maggi, 27, é o item 1, letra A. Exatamente o primeiro da
lista dos anabólicos proibidos pela Wada, a Agência Mundial Antidoping. Trata-se de um esteróide,
grupo de drogas que aumenta a
força e a potência muscular.
Ontem, a Folha revelou que a
principal estrela do atletismo brasileiro foi flagrada no teste antidoping no Troféu Brasil, em junho.
Segundo a defesa de Maurren, a
substância surgiu por causa do
Novaderm, creme para cicatrização que ela teria usado após uma
sessão de depilação permanente,
no dia anterior à coleta da urina.
"Os níveis encontrados no exame dela são baixos", afirmou Sérgio Coutinho Nogueira, diretor da
equipe de atletismo da BM&F, da
qual Maurren faz parte. "A pomada contém clostebol. A absorção
pelo organismo é mínima, mas
existe e aparece na urina", disse
Paulo Zogaib, fisiologista do time.
A análise do material foi feita no
Ladetec, no Rio, único laboratório
do Brasil credenciado pelo Comitê Olímpico Internacional para
realizar controles antidoping.
Ciente do caso positivo, a Iaaf
(Associação Internacional das Federações de Atletismo) comunicou à atleta o resultado. Maurren
teve uma semana para se justificar
-o prazo expirou ontem, data
em que a documentação foi enviada para a Europa. "Aguardamos a resposta da Iaaf para nos
pronunciarmos", disse Nogueira.
Neste ano, nos últimos casos
positivos, a comunicação foi rápida, em menos de 24 horas.
A assessoria da Iaaf, porém, informou à Folha que não emitirá
nenhum comunicado hoje. Oficialmente, a Iaaf não faz nenhum
comentário sobre o caso, já que o
processo está em andamento.
"No momento, ainda não podemos falar nada", afirmou Nick
Davies, porta-voz da entidade.
A participação de Maurren no
Pan-Americano, que começa na
sexta, depende da resposta da
Iaaf. Ela deveria desembarcar em
Santo Domingo no sábado e competir na próxima terça-feira.
Embora a Iaaf seja inflexível na
observação à lista da Wada, a defesa de Maurren acredita ter dois
trunfos. Primeiro, o clostebol só
existe no Brasil em cremes dermatológicos e ginecológicos. Segundo, o exame negativo em Milão, duas semanas antes do Troféu Brasil, em que Maurren cravou 7,06 m, melhor marca do ano.
No Troféu Brasil, Maurren levou o ouro ao saltar 6,75 m. No
Pan, é a grande favorita ao bicampeonato no salto em distância.
Pego de surpresa com a divulgação do caso, Nogueira marcou
uma reunião com a atleta e seu
técnico, Nélio Moura, ontem, na
sede da BM&F, em São Paulo.
Abordado pela Folha na saída
do encontro, Moura não quis comentar o assunto. Maurren não
ficou até o final da reunião e não
foi encontrada pela reportagem.
Neste ano, ela vive seu melhor
momento. Em março, saltou 6,70
m e foi bronze no Mundial indoor
de Birmingham, na Inglaterra.
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