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São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2003

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pan 2003

Novaderm, creme que teria sido usado pela saltadora brasileira, contém clostebol, substância vetada pela Wada

Droga de Maurren é 1ª da lista do doping

ADALBERTO LEISTER FILHO
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O clostebol, substância detectada no exame da saltadora Maurren Higa Maggi, 27, é o item 1, letra A. Exatamente o primeiro da lista dos anabólicos proibidos pela Wada, a Agência Mundial Antidoping. Trata-se de um esteróide, grupo de drogas que aumenta a força e a potência muscular.
Ontem, a Folha revelou que a principal estrela do atletismo brasileiro foi flagrada no teste antidoping no Troféu Brasil, em junho.
Segundo a defesa de Maurren, a substância surgiu por causa do Novaderm, creme para cicatrização que ela teria usado após uma sessão de depilação permanente, no dia anterior à coleta da urina.
"Os níveis encontrados no exame dela são baixos", afirmou Sérgio Coutinho Nogueira, diretor da equipe de atletismo da BM&F, da qual Maurren faz parte. "A pomada contém clostebol. A absorção pelo organismo é mínima, mas existe e aparece na urina", disse Paulo Zogaib, fisiologista do time.
A análise do material foi feita no Ladetec, no Rio, único laboratório do Brasil credenciado pelo Comitê Olímpico Internacional para realizar controles antidoping.
Ciente do caso positivo, a Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo) comunicou à atleta o resultado. Maurren teve uma semana para se justificar -o prazo expirou ontem, data em que a documentação foi enviada para a Europa. "Aguardamos a resposta da Iaaf para nos pronunciarmos", disse Nogueira.
Neste ano, nos últimos casos positivos, a comunicação foi rápida, em menos de 24 horas.
A assessoria da Iaaf, porém, informou à Folha que não emitirá nenhum comunicado hoje. Oficialmente, a Iaaf não faz nenhum comentário sobre o caso, já que o processo está em andamento.
"No momento, ainda não podemos falar nada", afirmou Nick Davies, porta-voz da entidade.
A participação de Maurren no Pan-Americano, que começa na sexta, depende da resposta da Iaaf. Ela deveria desembarcar em Santo Domingo no sábado e competir na próxima terça-feira.
Embora a Iaaf seja inflexível na observação à lista da Wada, a defesa de Maurren acredita ter dois trunfos. Primeiro, o clostebol só existe no Brasil em cremes dermatológicos e ginecológicos. Segundo, o exame negativo em Milão, duas semanas antes do Troféu Brasil, em que Maurren cravou 7,06 m, melhor marca do ano.
No Troféu Brasil, Maurren levou o ouro ao saltar 6,75 m. No Pan, é a grande favorita ao bicampeonato no salto em distância.
Pego de surpresa com a divulgação do caso, Nogueira marcou uma reunião com a atleta e seu técnico, Nélio Moura, ontem, na sede da BM&F, em São Paulo.
Abordado pela Folha na saída do encontro, Moura não quis comentar o assunto. Maurren não ficou até o final da reunião e não foi encontrada pela reportagem.
Neste ano, ela vive seu melhor momento. Em março, saltou 6,70 m e foi bronze no Mundial indoor de Birmingham, na Inglaterra.


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