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São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2003

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TÊNIS

Olho nele

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Não é de hoje que casos ou simples suspeitas de doping rondam o circuito profissional. Afinal, quem submete os tenistas aos exames, quem determina a periodicidade e quem divulga os resultados são os próprios organizadores do circuito. É como se o motorista decidisse sobre a aplicação de uma multa para ele próprio.
Nesse ambiente, o tenista pego em um caso de doping não só mancha sua carreira como praticamente a enterra. Assim esperava-se que acontecesse com o argentino Guillermo Coria, flagrado há quase dois anos.
Coria, à época com 19 anos, apresentava uma grande evolução. Começara sua carreira profissional no ano anterior, conquistando nada menos que seis títulos de futures e challengers, incluindo aí quatro etapas da extinta Copa Ericsson.
No ano em que foi suspenso, 2001, conquistara seu primeiro título de ATP Tour, em Viña del Mar, e alcançara a final de um Masters Series, em Montecarlo. Chegara também à final em Mallorca, à semifinal em Kitzbuehel.
Com o anúncio do doping, muitos sentenciaram, à miúda: "Não à toa Coria subiu tanto no ranking nestes últimos anos; o garoto estava bombado". Ninguém acreditava na sua inocência, ninguém dava bola para as explicações.
Depois dos sete meses de suspensão, Coria voltou ao circuito em Miami, um challenger. Pouca gente deu atenção. Ainda clamava inocência no caso de doping. A ansiedade para voltar era tanta que, ao saber que estrearia somente na terça, e não na rodada da segunda, Coria se frustrou.
Coria surpreendeu muita gente nos meses seguintes ao seu retorno. Para especialistas que acompanhavam sua evolução desde o juvenil, o tenista estava até melhor, depois de sete meses de suspensão, do que quando estava "dopado".
Se, de fato, a sua cabeça estava formada, seu jogo mostrava muito mais consistência. Ainda era possível ganhar de Coria, mas isso demandaria mais esforço. Em Houston, só caiu diante de Andy Roddick. Em Roland Garros, só parou quando trombou com Juan Carlos Ferrero. Dos três challengers que jogou após a volta, ganhou dois.
Em setembro, Coria esteve aqui. Bateu feio em Flávio Saretta, só perdeu para Gustavo Kuerten na final. Falou que estava de bom tamanho, que seu planejamento mirava a partir de então 2003.
A temporada da consagração chegou, e Coria está aí, em terceiro lugar na lista dos melhores do ano, atrás apenas de Roger Federer, campeão de Wimbledon e de outros quatro torneios, e de Ferrero, vencedor em Roland Garros e em outras duas competições.
É, ao lado de Roddick, o tenista a ser observado mais atentamente nesta temporada norte-americana. Latino, é certo que Coria não mostra talento só no saibro. Falou Coria no domingo: "Meus objetivos neste ano são ganhar uma vaga no Masters e a Davis. Mas, é claro, quero ser algum dia o número um do mundo"."
Em tempo: inocente, Coria está processando o fabricante de remédio que causou o doping.

Garotos em ação
Barbara Costa e Renan Delsin (18 anos), Stephanie Dalmacio e Ivan Cressoni (16), Paola Costa e Fernando Souza (14) e Natália Ferreira e José Melgarejo ganharam a quinta etapa do Credicard Juniors Cup. Nesta semana, Natal recebe a quarta etapa do Grand Slam.

Ação em Belo Horizonte
O Challenger de Belo Horizonte é o maior evento do tênis nacional nesta semana e dá pontos no ranking de entradas. Em Campos do Jordão, Giovanni Lapentti, irmão de Nicolas Lapentti, foi o campeão.

Emoção em Campos do Jordão
Fernando Meligeni atuou em um torneio amador. E o coração balançou: "Quando vejo o público, dá vontade de voltar".

E-mail reandaku@uol.com.br


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