São Paulo, segunda-feira, 30 de julho de 2007

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DELEGAÇÃO

Odepa dá aval à debandada de cubanos

Co-Rio diz que foi surpreendido pela saída de parte da delegação caribenha

Presidente da Odepa, Mario Vázquez Raña, afirma ter dado autorização a atletas de vôlei para que faltassem à entrega de medalha

EDUARDO OHATA
RODRIGO MATTOS
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL RIO

A debandada de quase metade da delegação cubana no Pan pegou de surpresa o comitê organizador do Pan-2007, mas teve autorização da Odepa. Após rumores de deserção em massa de atletas, dirigentes da ilha caribenha anteciparam a volta de cerca de 250 deles para a madrugada de domingo.
Dirigentes de Cuba afirmam que a viagem já estava programada para ontem. A Odepa informou ter conhecimento da programação de vôos fretados de Cuba, que estavam dentro do previsto. Mas a saída dos atletas de vôlei, por exemplo, só foi comunicada à entidade no sábado. "Autorizei a dispensa dos atletas de vôlei de receberem a medalha. E a saída dos atletas", disse o presidente da Odepa, Mario Vázquez Raña.
O dirigente disse não ver problemas na saída antecipada dos cubanos, tanto que não haverá punições à delegação. Ele se recusou a responder se houve novas deserções na equipe cubana -eram quatro até anteontem. O vôlei de Cuba já tinha visto seus principais atletas fugirem no início da década.
Se Vázquez Raña foi avisado, o presidente do Co-Rio e do COB, Carlos Arthur Nuzman, afirmou ter sido surpreendido.
"Não havia comunicação ao Co-Rio sobre a saída", contou o cartola. "Na reunião do Comitê Executivo da Odepa, o Raña falou que conversou e aceitou as explicações de Cuba para a antecipação do retorno."
Sua versão é contraditória com a da delegação cubana, cujos dirigentes afirmam não ter mudado a programação inicial.
"Não tem nada demais [o vôo]. O problema é que sempre somos assuntos. Quando os dominicanos vão embora, nada acontece", afirmou o diretor técnico da delegação cubana, René Pérez Hernández.
Segundo ele, os atletas do vôlei já sabiam que não receberiam a medalha, pois teriam de viajar para a Europa ainda nesta semana. Mas esportistas que embarcaram para Cuba afirmaram que sua volta ao país só estava marcada para ontem.
"Acho que os atletas do vôlei deveriam estar presentes à premiação. Poderiam ter pedido antecipação das medalhas [de bronze] sem qualquer problema. A melhor resposta foi a reação do público [as vaias]", irritou-se Nuzman.
Sua contrariedade difere da postura da Odepa, que protegeu e atendeu a pedidos dos cubanos. Até ajudou o contato da delegação do país com autoridades brasileiras após os boxeadores Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux fugirem.
"É um problema político, que não tem a ver com o esporte. É próprio apenas do país", afirmou o costarriquenho Jorge Nery Carvajal, membro do Comitê Executivo da Odepa.
O Comitê Olímpico Cubano manifestara sua impotência em conter atletas. Na chegada à Cuba ontem, os 242 membros da delegação que voltaram antes foram exaltados pela imprensa e pelo público.
Fidel Castro e seu irmão Raul, presidente em exercício do país, cumprimentaram os atletas pela segunda colocação no quadro de medalhas no Pan. "Cuba, cujos êxitos no esporte amador ninguém pode negar, sofre como as mordidas das piranhas", disse Fidel sobre as deserções, na imprensa oficial.
Cerca de 150 cubanos já tinham voltado ao país na terça.


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