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ANÁLISE
Schumacher, estrela, sentiu a aposentadoria
FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Se olhares passam recados,
os de Michael Schumacher nos
últimos dois anos e meio gritavam de angústia. Angústia de
quem tomou uma decisão pensada, discutida com a família,
que considerava certa na hora
certa. Mas da qual, em vários
momentos, se arrependeu.
Como quando apareceu em
autódromos em fins de semana
de F-1. De uniforme vermelho e
cargo nunca explicado (consultor?, conselheiro?, estrategista?), Schumacher não apitava
nada, não decidia nada, estava
mais para um relações-públicas-sem-jeito-para-tal do que
para um membro da cúpula.
Nas últimas corridas, já era
visto pelo paddock como um
arroz de festa, dos tantos que
orbitam ali. Sintomático, seu
grande feito em Nurburgring,
último GP que visitou, foi inaugurar uma montanha-russa. A
reverência tinha desaparecido.
E Schumacher, estrela desde
o primeiro GP na F-1, sentiu o
golpe. Sentiu e expressou.
Nesses dois anos e meio, parecia sempre distante, como
que se perguntando "por que
parei?", mas sem poder voltar
atrás. Seria um golpe na coerência que sempre demonstrou, nos argumentos tão claros
que lançou ao mundo quando
anunciou a aposentadoria.
Angústia.
Mas eis que surgiu a oportunidade de um último gostinho
de F-1. Sem precisar admitir o
erro, sem ter de voltar atrás.
Mais ainda, mantendo a coerência: quando parou, declarou
que o faria, também, para dar
uma chance a Felipe Massa.
Vai dar certo? Sim e não. Aos
40, Schumacher está em boa
forma e, perfeccionista, vai trabalhar como louco nas próximas semanas. Mas a Ferrari e a
F-1 não são as mesmas de 2006.
Vitória será uma enorme zebra.
Certeza, apenas uma. Valência assistirá a um outro olhar.
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