São Paulo, quinta-feira, 30 de julho de 2009

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País tem maior feito em 27 anos

Felipe França ganha prata nos 50 m peito, melhor desempenho desde a conquista de Ricardo Prado

No estilo que era o mais fraco do Brasil nos últimos anos, nadador vai ao pódio e encerra 15 anos de jejum nas piscinas em Mundiais

Alessandro Bianchi/Reuters
O nadador brasileiro Felipe França se emociona no pódio dos 50m peito do Mundial de Roma, onde perdeu o recorde da prova, mas ganhou a medalha de prata

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A ROMA

Há um ano, a cena seria impensável. Felipe França ajoelhado, aos prantos, medalha de prata no pescoço, segundo melhor do mundo nos 50 m peito.
O nadador que roubou as atenções no pódio do Foro Itálico era um coadjuvante quando surpreendeu a todos e conquistou uma vaga olímpica. Na estreia, ficou em 22º lugar.
Ontem, em apenas 26s76, virou protagonista. Com o vice- -campeonato mundial, ele voltou a pôr o Brasil no pódio após 15 anos de jejum na piscina em Mundiais de esportes aquáticos. É o maior feito no torneio desde que Ricardo Prado se sagrou campeão, em 1982.
"Como vocês viram no pódio, eu estou abalado. Tem alguma coisa dentro de mim que está me segurando, mas daqui a pouco acho que vou chorar de novo", afirmou França, 22.
Com a medalha de prata, o Brasil conseguiu também a consagração de um estilo que nos últimos anos vinha sendo considerado o calcanhar de aquiles da natação do país.
O Brasil tem sete atletas do peito em Roma, seis deles treinados por Arílson Soares, que se especializou nesse estilo.
Em Roma, Henrique Barbosa, nos 100 m, e João Jr., nos 50 m, foram à final e terminaram na oitava colocação -a prova mais curta não é olímpica.
"Desde o ano passado, quando fizemos o índice para [os Jogos de] Pequim, que foi a grande transformação do Felipe e do nado de peito, e tivemos um campeão olímpico [César Cielo], nós ganhamos confiança", disse Soares. "Subimos um degrau. Não foi o mais alto, mas é só o início de um ciclo olímpico. A gente quer a prova olímpica", completou o treinador, após, aos prantos, abraçar o pupilo.
É o primeiro Mundial de França e o primeiro torneio top internacional em que ele era favorito -chegou à capital italiana como recordista mundial.
A marca foi batida na semifinal. O autor foi o sul-africano Cameron van der Burgh, que repetiu o feito ontem (26s67) e foi ouro. O americano Mark Gangloff amealhou o bronze.
O brasileiro levou um susto quando viu sua marca cair, ficou um pouco chateado, mas disse que não se abalou. Havia ficado tenso antes da semifinal.
"Sentia uma coisa aqui dentro, parecia ser grande o fardo de ter de ganhar a medalha, de tentar bater de novo o recorde mundial ou de bater primeiro na minha série", disse França.
No primeiro Campeonato Brasileiro infantil que ganhou, foi sua mãe quem o acalmou antes da prova. E ele venceu.
Desta vez, coube a Soares ajudar, como já havia feito antes da conquista da vaga em Pequim, em maio de 2008, e do recorde, em maio deste ano.
"Ele me disse para eu não me preocupar porque a medalha já era minha. Hoje [ontem], eu acho que era o mais tranquilo no balizamento", falou França, que sofreu com uma intoxicação alimentar em Roma.


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