São Paulo, segunda-feira, 30 de agosto de 2004

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Na festa do Palmeiras, Corinthians leva presente

Falha de Sérgio decreta a vitória da equipe de Tite e estraga o plano palmeirense de festejar os 90 anos com novo triunfo sobre o maior rival

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Na semana em que o Palmeiras comemorou seus 90 anos de existência foi o Corinthians quem ganhou o presente. No clássico de ontem no Morumbi, os corintianos venceram por 1 a 0 após falha grotesca do goleiro palmeirense Sérgio, que rebateu mal uma bola e deixou Jô livre para marcar.
"O jogo hoje foi decidido em um detalhe. E o detalhe foi que eu errei. A única coisa que posso fazer é pedir desculpas à torcida", afirmou, abatido, o palmeirense.
Não foi a primeira vez que Sérgio errou em jogo contra o Corinthians. No Brasileiro de 2001, ele sofreu gol olímpico de Renato e atribuiu a falha ao sol.
Ontem, o goleiro atuou de boné, contra o sol, mas culpou só a si mesmo. "A bola veio rodando, e errei o soco", disse ele, que no segundo tempo se redimiu e, com seis grandes defesas, evitou placar mais elástico em favor dos rivais.
O gol "doado" por Sérgio deu ao Corinthians sua primeira vitória em clássicos paulistas em Brasileiros de pontos corridos. A última vitória do time nesses confrontos ocorrera no Paulista de 2003 na final contra o São Paulo. De lá para cá, os corintianos tinham acumulado, até ontem, cinco derrotas e apenas dois empates.
"Mostramos que temos capacidade para ficarmos entre os primeiros", falou o corintiano Renato. "Nosso objetivo é a vaga [na Libertadores] e, se possível, o título", completou o atacante Gil.
Para o Palmeiras, a derrota interrompeu uma série de três vitórias contra o próprio Corinthians, o Santos e o São Paulo no primeiro turno. Jamais, em Nacionais, o clube obtivera tal desempenho contra os principais rivais. "Não é essa derrota que vai nos abalar", disse o lateral palmeirense Lúcio.
O clássico confirmou a ascensão corintiana e brecou a subida palmeirense. O time do Parque São Jorge, que busca uma das vagas na Libertadores, chegou a 41 pontos contra 47 de seu maior rival.
Os primeiros 45 minutos de partida foram dignos de serem esquecidos, principalmente pelos palmeirenses. Pisadas na bola de ambas as partes, chutes bisonhos, escorregões, muitos erros de passes e de finalizações formaram o repertório do primeiro tempo.
O técnico Tite armou sua equipe com três zagueiros e Estevam Soares com três volantes. O palmeirense decidiu, pouco antes da partida, escalar Marcinho para perseguir o corintiano Gil.
A preocupação com o sistema defensivo neutralizou a criatividade das duas equipes.
Pelo lado do Corinthians, o meia Fábio Baiano, bem marcado, não conseguia acionar os atacantes. No Palmeiras, Elson teve um pouco mais de sucesso, mas os homens de frente estavam com os pés tortos.
Segundo o Datafolha, foram 23 passes errados de cada time na primeira etapa. Até os 43 minutos, os palmeirenses já haviam chutado quatro vezes a gol, e os corintianos duas. Todas elas, porém, foram sem pontaria.
Diante desse cenário, o gol não poderia sair de outra maneira que não fosse mais uma trapalhada. Fábio Baiano lançou na área para Jô, que estava em posição duvidosa. O goleiro Sérgio tentou afastar a bola com um soco, mas errou e ela sobrou para o atacante corintiano, que, de cabeça, conseguiu marcar o único gol do jogo.
No segundo tempo, o jogo apresentou ligeira melhora. O Palmeiras pressionava, mas continuava com a pontaria ruim. Magrão, aos 3min, perdeu oportunidade na frente de Fábio Costa ao mandar a bola por cima do gol.
Estevam Soares decidiu abrir sua equipe ao colocar o meia Pedrinho no lugar do lateral Baiano.
Com isso, deixou mais espaço para Fábio Baiano, que quase fez o segundo em chute de fora da área, defendido por Sérgio.
Mas foi com Pedrinho que os palmeirenses conseguiram acertar pela primeira vez o gol no jogo, aos 28min do segundo tempo. Ele chutou de fora da área, mas Fábio Costa fez boa defesa.
O Corinthians continuava perigoso nos contra-ataques. Em cinco minutos, o time perdeu três ótimas chances de ampliar, com Gil, que livre na frente de Sérgio chutou para fora, com Jô, que finalizou em cima da defesa, e com Rosinei, que obrigou Sérgio a fazer grande defesa.
No final, o goleiro novamente evitou dois gols corintianos ao defender chutes de Renato.

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