São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 2006

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RÉGIS ANDAKU
Cada vez menor


Em 2001, o tênis brasileiro era assunto de "Los Angeles Times", "USA Today" e Folha; agora, nada mais existe


NA EDIÇÃO de domingo, o "Los Angeles Times" trazia uma extensa reportagem sobre um talentoso tenista brasileiro. Dizia que aquele sujeito era um dos destaques do Aberto dos EUA, que começaria no dia seguinte.
Um dia depois, foi a vez de outro jornal, o "USA Today", estampar reportagem sobre o brasileiro. Na TV, John McEnroe, ex-tenista e comentarista, apontava "the brazilian" como eventual campeão. A mesma emissora "ousava" fazer projeção na qual o brasileiro venceria Andre Agassi na final.
Por aqui, o caderno de esporte da Folha abria a segunda sem futebol na capa. Estranho, assuntos de apelo não faltavam: o Corinthians perdera -era o quarto jogo sem vitória-, no Rio Eurico Miranda provocara tumulto, e o São Paulo goleara com Rogério Ceni e Kaká.
Mas, há exatos cinco anos e dois dias, Gustavo Kuerten era o personagem do esporte nacional, e o "Go Guga" que estampava a manchete deste caderno fazia todo o sentido. No ano seguinte, mesma época, o futebol dava espaço na segunda para o automobilismo. Michael Schumacher já era campeão da F-1, e então Rubens Barrichello, o eterno segundo piloto, ganhava de maneira espetacular o GP da Hungria, seu terceiro triunfo na F-1.
Naquela mesma segunda, o futebol voltava a segundo plano, mesmo com uma derrota do Corinthians, o 100% de aproveitamento do São Paulo, os dois gols de Romário para o Fluminense e as vaias para o Flamengo em pleno Rio. Não havia mais aquela grande expectativa em torno de Guga, mas o tênis brasileiro, respeitável, ainda estava lá, com o registro dos treinos do catarinense em Florianópolis e três outros disputando o ATP de Long Island como preparação para o Aberto dos EUA.
Lembrei (e fui atrás) desses registros porque a primeira coisa que reparei anteontem, outra segunda-feira, ao pegar a Folha, era que o futebol não era o assunto da capa. (E, de novo, com mais uma derrota do Corinthians e o clássico entre São Paulo e Flamengo, assunto não faltava.) Desta vez, a foto era do piloto Felipe Massa, sua primeira vitória na F-1. A outra, da seleção de vôlei, campeã da Liga Mundial.
Nessas edições em que o futebol fica em segundo plano, a pressa em folhear o jornal atrás dos outros esportes aumenta. Mas e as notícias do tênis nacional, no dia da abertura do último Grand Slam do ano? Que nada. O tênis brasileiro não existe mais. Gustavo Kuerten se foi. E o que nossos tenistas fazem hoje não merece sequer uma linha em um grande jornal nacional.
Não é implicância deste jornal ou dos editores deste caderno. É questão de bom senso. No dia em que um piloto volta a tocar o hino nacional na F-1 ou o vôlei conquista um titulo de relevância, o que o tênis brasileiro tem a mostrar? Hoje a gente aplaude os outros.

JUSTIÇA SEJA FEITA
Contra Mariano Zabaleta, Thiago Alves ganha a primeira em Grand Slam e chega perto do top 100.

EM FLORIANÓPOLIS
Franco Ferreiro, ex-aposta nacional e hoje o 445º do ranking, levou o título do Instituto Tênis Future ao bater Marcelo Melo na final.

ATENÇÃO TOTAL
ESPN, ESPN Brasil e Sportv exibem o Aberto dos EUA. Vale a pena ver as últimas rebatidas de Andre Agassi, um dos maiores da história.

EM BRASÍLIA
Gustavo Andrade, Fabiana Chiaparini (18 anos), João Bosco Costa, Fernanda Dias (16), Matheus Costa, Isadora Busch (14), Felipe Gigliotti e Mariana Buffara (12) venceram a quinta etapa da Credicard MasterCard Junior's Cup.

reandaku uol.com.br


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