São Paulo, domingo, 30 de agosto de 2009 |
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PAULO VINICIUS COELHO A ambição é verde
EM 2004, Mustafá Contursi vendeu Vágner Love para o CSKA na semana em que o centroavante fez dois gols contra o São Paulo, numa vitória palmeirense por 2 a 1. O Palmeiras era terceiro colocado do Brasileirão, dois pontos abaixo do Figueirense, um ponto atrás da Ponte Preta. Parecia candidato à taça, desde que cumprisse requisito básico: segurar Vágner Love. Luiz Gonzaga Belluzzo contratou Vágner Love de volta dois dias antes de um clássico contra o São Paulo. O Palmeiras era líder na sexta, com dois pontos de vantagem sobre o Goiás. Já era candidato ao título, mas com a ponta de desconfiança. A diferença entre o Palmeiras que vendeu e o que comprou o centroavante tem nome: ambição. Repare no que foi a semana do clássico contra o São Paulo. Na segunda-feira, o clube admitiu a possibilidade de perder o zagueiro Maurício Ramos. O jogador pertencia ao Iraty e, por isso, não fazia parte da promessa feita havia três semanas, de que o clube e a parceira não venderiam ninguém até o fim do Brasileirão. No mesmo dia, o Palmeiras acertou a permanência do zagueiro. Em dois meses, o Palmeiras contratou o técnico tricampeão brasileiro e o centroavante que foi ídolo há cinco anos. Mais importante: manteve todo o elenco, incluindo Obina, cotado para ser parte do pagamento de Love. Desde o fim da era Parmalat, não se falava no clube com tanto respeito como se faz neste ano de 2009. Pergunta-se como um clube que busca equilíbrio orçamentário pode fazer investimentos desse porte. A resposta passa pela redução do salário do técnico, após a saída de Luxemburgo, e pela negociação de Mozart, que recebia R$ 140 mil, para o Livorno. Mas o xis da questão é que o Palmeiras voltou a ser ambicioso. Em outubro do ano passado, em dia de clássico São Paulo x Palmeiras, esta coluna citava uma frase de Gilberto Cipullo, vice-presidente do clube: "Nosso projeto é ter a hegemonia do futebol brasileiro". Frase mais importante quando publicada em dia de duelo com o São Paulo, que detém essa hegemonia. Hoje, o Palmeiras entra em campo duelando pelo título brasileiro exatamente contra o Tricolor, mas em nítida desvantagem no histórico recente. Sete anos sem vencer o clássico no Morumbi, ou 14 jogos, com dez vitórias do São Paulo e quatro empates. Desses, oito com Muricy vestido de tricolor -sete vitórias e um empate. O técnico diz que o Morumbi não é campo neutro. "Eles treinam e jogam mais vezes lá. Neutro não é." Mas tem ponto de vista um pouco diferente quando a pergunta é sobre o Morumbi de seus tempos de jogador. "Naquele tempo, o estádio era mais neutro, sim. Os outros grandes clubes jogavam mais vezes lá, havia divisão igual das arquibancadas e a torcida do São Paulo inflamava menos o jogo do que inflama hoje." Mesmo assim, Muricy não acha que essa mudança foi o que tornou mais difícil vencer o São Paulo em sua casa. Sua resposta é mais direta: "Acho que os adversários respeitam demais o São Paulo". Adversários como o Palmeiras, que não vence lá dentro há sete anos. Em outras palavras, falta ambição. Pelo exemplo dado pelo Palmeiras nas últimas semanas, a conjugação correta do verbo é: faltava. pvc@uol.com.br Texto Anterior: Por lealdade, Milton Cruz e Tata seguem rotas distintas Próximo Texto: Miranda, 24, curte o auge sem empresário Índice |
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