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São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 2003

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FUTEBOL

Em crise e cheio de garotos, time revive Brasileiro-96, quando ainda não contava com investimentos de Excel e HMTF

Corinthians retorna à era pré-milionária

PAULO COBOS
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em seis anos, o Corinthians não conseguiu aprender a andar com as suas próprias pernas.
A situação do clube hoje, em crise técnica e financeira e com um time recheado de garotos e veteranos em má forma, é a mesma do Brasileiro de 1996, a última competição de que participou antes de um ciclo, encerrado no ano passado, em que brilhou com pesados investimentos de duas parcerias.
Foram quase US$ 100 milhões, bancados pelo banco Excel e pelo fundo norte-americano HMTF, para levar ao clube os melhores treinadores, contratar, a peso de ouro, craques consagrados e revelações de outras agremiações, montar uma estrutura antes reservada aos grandes rivais e investir nas categorias de base.
Quando a fonte secou, o clube ficou em situação muito parecida de antes das parcerias.
Enquanto teve dinheiro fácil, o clube ganhou títulos em profusão. Entre 1997 e 2002, foram oito taças, incluindo dois Brasileiros e o Mundial de Clubes da Fifa.
Já entre 1993 e 1996 e na atual temporada, sempre sob a gestão do presidente Alberto Dualib, foram apenas três conquistas, sendo duas do esvaziado Paulista.
Mas o que mais liga o Corinthians atual ao último time antes do início da era Excel/HMTF é o perfil do elenco.
Em 1996, o clube apostou em uma turma de garotos das categorias de base, como Marcos Alemão, Deco e Caju.
Agora, a aposta está novamente nas revelações -as principais são o lateral-direito Coelho e os atacantes Abuda, Bobô e Jô.
"Hoje os clubes estão sobrecarregados financeiramente, e conosco não é diferente. Mas acho que vale a pena apostar nesses garotos, que darão muitos frutos ao clube", afirma Antonio Roque Citadini, vice de futebol corintiano.
O dirigente, que vem cobrando cotas maiores para o Corinthians da TV, diz que o atual momento não permite "loucuras".
"Não podemos mais contratar jogadores que ganham salários astronômicos. Isso acabou faz tempo", declarou o dirigente.
Tanto agora como há sete anos foram contratados jogadores veteranos que não deram o resultado esperado. Em 1996, a lista incluía os atacantes Alex Rossi e Alcindo. Agora, aparecem com destaque os nomes dos meias André Luiz, Robert e Jamelli.
No Brasileiro-96, o Corinthians também trocou de treinador -Valdyr Espinosa não resistiu aos resultados ruins e foi substituído por Nelsinho Baptista. Agora, a diretoria procura alguém para ocupar o lugar de Geninho, que não suportou a histórica goleada de 6 a 1 sofrida anteontem diante do Juventude, em Caxias do Sul.
As semelhanças entre o time de 1996 e o atual também aparecem na classificação da equipe no Nacional. Em ambos os casos, o Corinthians ficou em posições intermediárias, mas isso não acabou com a ira da torcida -há sete anos, o time foi o 12º colocado do Brasileiro. Agora, é somente o décimo na classificação.

Protestos
A Gaviões da Fiel, principal torcida organizada do clube, continua a culpar os dirigentes pelo momento da equipe.
Ontem, no desembarque da delegação que estava em Caxias do Sul, integrantes da facção levaram faixas de protesto contra Dualib, Citadini e os conselheiros.


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