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Auditorias fecham portas para "noiva" do Corinthians
Ao menos duas das maiores empresas do setor rejeitaram negócios com a MSI, fundo que tem oito donos desconhecidos e sede em um paraíso fiscal
EDUARDO ARRUDA
GUILHERME ROSEGUINI
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
A MSI (Media Sports Investments), criada nas Ilhas Virgens
Britânicas para se tornar parceira
do Corinthians, já espantou ao
menos duas empresas especializadas em auditorias e um escritório de advocacia em São Paulo.
Executivos da empresa procuraram alguns dos principais peritos-contadores do país para checar a situação financeira do clube
antes de assinar o contrato.
Bateram com a cara na porta em
pelo menos duas oportunidades.
Motivo: os auditores costumam
analisar seus futuros clientes com
o objetivo de não vincular sua
imagem à de uma empresa que
seja suspeita de irregularidades.
A MSI não passou nesse teste.
Uma das empresas procuradas
foi a Ernest & Young. Segundo
um de seus funcionários, que pediu anonimato, a ficha da MSI, gerenciada pelo iraniano Kia Joorabchian, foi reprovada. Segundo
ele, um dos motivos foi ter sido
apresentado como escritório da
empresa em Londres o endereço
de uma academia de ginástica.
Joorabchian também se envolveu na compra de um jornal com
o russo Boris Berezovski, acusado
de vários crimes, entre eles assassinato, lavagem de dinheiro e ligações com a máfia tchetchena.
À Folha, Joorabchian disse ser
amigo de Berezovski, mas nega o
envolvimento dele com a MSI.
Esse, aliás, foi um dos motivos
que a Deloitte Touche Tohmatsu
alegou para não trabalhar com a
MSI. Antes de aceitar um cliente,
a Deloitte também investiga a empresa e quem a administra.
Se o negócio representar "riscos", o cliente é imediatamente
rejeitado. No caso da MSI, Joorabchian responde como administrador do fundo de investimentos, que reúne, segundo o
próprio presidente do Corinthians, oito empresas de sócios
desconhecidos. A situação não
agradou aos auditores.
Oficialmente, porém, a Deloitte
diz que há um "código de ética" e
se negou a fazer comentários sobre o contato com a MSI.
A Ernest & Young afirma que,
após ser procurada pela MSI, solicitou uma série de documentos à
empresa, que não os entregou, interrompendo o negócio.
Os documentos, pedidos a todos os possíveis clientes, revelariam dados como a situação financeira e idoneidade da empresa
e de seus principais responsáveis.
Renato Duprat, que trabalha
para Joorabchian na MSI, agora
registrada também em Londres,
afirmou ter procurado três grandes empresas de auditoria. "Mas
elas cobraram caro, por isso fechamos com um outro grupo de
advogados que está auditando o
Corinthians", disse o empresário.
A Ernest & Young nega a hipótese e afirma que nem chegou a fazer um orçamento por não ter recebido os documentos requisitados. A Deloitte não disse quanto
cobraria para realizar o trabalho.
Antes da busca pelas auditorias,
a parceria já tinha gerado polêmica. Procurado no começo da negociação para confeccionar o
contrato entre MSI e Corinthians,
um escritório de advocacia da capital não aceitou o pedido.
Desconfiava que a parceria poderia ser usada como lavagem de
dinheiro. A suspeita é a mesma de
membros do Conselho Deliberativo do Corinthians. "Já arrumei
duas parcerias. Se vem a terceira,
é porque somos corretos. Antes
de se associar, eles vão tirar informação até da avó da gente", declarou o presidente Alberto Dualib.
A empresa informou que injetaria US$ 35 milhões para pagamentos de dívidas, reestruturação
do clube e contratação de atletas.
Joorabchian disse que, se quisesse
lavar dinheiro, faria um negócio
que chamasse menos atenção.
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