São Paulo, domingo, 30 de setembro de 2007

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Inimigo do bicão, São Paulo joga no Sul

Datafolha aponta que líder do Brasileiro, rival hoje do Inter, destaca-se em fundamentos de manutenção da posse de bola

Equipe tem o passe mais preciso do certame, mas é o último no aproveitamento dos cruzamentos e só o 15º no ranking dos lançamentos

JULYANA TRAVAGLIA
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Tradicional na várzea e em outras competições amadoras, a máxima "bola pro mato, que o jogo é de campeonato" não se aplica ao líder do Brasileiro. Segundo os rankings do Datafolha, o São Paulo é o time que menos "rifa" a bola no torneio.
Segunda colocada no número total de passes (atrás do Santos), a equipe do Morumbi ostenta o melhor aproveitamento deste fundamento no torneio. Tenta, em média, 301 toques por partida -e consegue precisão em 82,1% deles.
Nem diante de rivais fechados, que dificultam tabelas e marcam sob pressão -como promete o técnico Abel Braga, do Inter, rival de hoje-, o time se afoba, arriscando a esmo.
Prefere recomeçar o lance, mesmo que precise reiniciar o trabalho com o goleiro Rogério.
Assim, o São Paulo é disparado o time que mais recua. Em média, Rogério recebe 7,2 bolas atrasadas por jogo. O segundo time da lista é o Goiás, com média bem inferior: 3,9.
Segundo Muricy Ramalho e os jogadores, a valorização da posse de bola é um dos trunfos do sucesso são-paulino.
"O passe é o primeiro fundamento do futebol. Se [os jogadores] não sabem fazê-lo, não tem jogo. É só olhar os treinos. O trabalho que comandei hoje [anteontem] foi só de posse de bola", falou o técnico após a prática de sexta-feira.
Em campo reduzido pela metade, o time que tinha a posse de bola só tentava envolver o outro. A meta não era fazer gols, mas realizar o maior número de trocas de passes.
O ala Souza conta que Muricy reclama com o elenco quando o time erra mais passes que o de hábito. Mas revela que a ênfase no fundamento não é privilégio do atual comandante. "É uma característica do clube. Tem isso desde que o Paulo [Autuori] passou por aqui. O Muricy tem a mesma característica."
De fato. O índice de acerto de passe superior a 82% não é inédito. No ano passado, quando o time foi campeão com Muricy, e em 2005, quando ficou na modesta 11ª posição com Autuori, o São Paulo obtivera isso.
Nas duas temporadas anteriores, porém, a marca não garantiu um posto além do quinto no ranking final de aproveitamento de passes.
A adoção desse estilo de jogo tem uma contrapartida: a queda no número de lançamentos e cruzamentos.
O São Paulo é o 13º time na média de cruzamentos tentados e, com 18,6%, tem o pior aproveitamento do Brasileiro no quesito. Nos lançamentos, o cenário é parecido: com 4,4 tentativas por jogo, o time tem apenas a 15ª média do certame.

Colaborou FABIO TURA, do Datafolha

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