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Inimigo do bicão, São Paulo joga no Sul
Datafolha aponta que líder do Brasileiro, rival hoje do Inter, destaca-se em fundamentos de manutenção da posse de bola
Equipe tem o passe mais
preciso do certame, mas é o
último no aproveitamento
dos cruzamentos e só o 15º
no ranking dos lançamentos
JULYANA TRAVAGLIA
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Tradicional na várzea e em
outras competições amadoras,
a máxima "bola pro mato, que o
jogo é de campeonato" não se
aplica ao líder do Brasileiro. Segundo os rankings do Datafolha, o São Paulo é o time que
menos "rifa" a bola no torneio.
Segunda colocada no número total de passes (atrás do Santos), a equipe do Morumbi ostenta o melhor aproveitamento
deste fundamento no torneio.
Tenta, em média, 301 toques
por partida -e consegue precisão em 82,1% deles.
Nem diante de rivais fechados, que dificultam tabelas e
marcam sob pressão -como
promete o técnico Abel Braga,
do Inter, rival de hoje-, o time
se afoba, arriscando a esmo.
Prefere recomeçar o lance,
mesmo que precise reiniciar o
trabalho com o goleiro Rogério.
Assim, o São Paulo é disparado o time que mais recua. Em
média, Rogério recebe 7,2 bolas
atrasadas por jogo. O segundo
time da lista é o Goiás, com média bem inferior: 3,9.
Segundo Muricy Ramalho e
os jogadores, a valorização da
posse de bola é um dos trunfos
do sucesso são-paulino.
"O passe é o primeiro fundamento do futebol. Se [os jogadores] não sabem fazê-lo, não
tem jogo. É só olhar os treinos.
O trabalho que comandei hoje
[anteontem] foi só de posse de
bola", falou o técnico após a
prática de sexta-feira.
Em campo reduzido pela metade, o time que tinha a posse
de bola só tentava envolver o
outro. A meta não era fazer
gols, mas realizar o maior número de trocas de passes.
O ala Souza conta que Muricy reclama com o elenco
quando o time erra mais passes
que o de hábito. Mas revela que
a ênfase no fundamento não é
privilégio do atual comandante. "É uma característica do
clube. Tem isso desde que o
Paulo [Autuori] passou por
aqui. O Muricy tem a mesma
característica."
De fato. O índice de acerto de
passe superior a 82% não é inédito. No ano passado, quando o
time foi campeão com Muricy,
e em 2005, quando ficou na
modesta 11ª posição com Autuori, o São Paulo obtivera isso.
Nas duas temporadas anteriores, porém, a marca não garantiu um posto além do quinto
no ranking final de aproveitamento de passes.
A adoção desse estilo de jogo
tem uma contrapartida: a queda no número de lançamentos
e cruzamentos.
O São Paulo é o 13º time na
média de cruzamentos tentados e, com 18,6%, tem o pior
aproveitamento do Brasileiro
no quesito. Nos lançamentos, o
cenário é parecido: com 4,4
tentativas por jogo, o time tem
apenas a 15ª média do certame.
Colaborou FABIO TURA, do Datafolha
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