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Análise
Muricy é o Mano Brown do futebol
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Mano Brown está no
centro do programa "Roda
Viva" (TV Cultura). Questionado sobre o governo
Lula, o líder do grupo de
rap Racionais elogia o presidente por não entregar
os companheiros petistas,
que agora têm a lei nos calcanhares com o início da
ação penal do mensalão.
Muricy Ramalho está no
centro da coletiva, no início do Nacional, com o São
Paulo cambaleando na tabela. Um repórter pede a
ele que aponte os setores
vulneráveis de sua equipe.
Ele diz que não é certo um
homem, um líder, entregar seus companheiros.
Mano Brown erra palavras fáceis, ignora os plurais, encara os repórteres
como rivais, inimigos. O
treinador também.
Muricy usa agasalho,
boné de time, tem a barba
quase sempre por fazer,
preza valores conservadores, como a família, que
tenta preservar da "mídia"; Brown também.
O rapper está à frente da
massa enfurecida e descontrolada na Sé, assiste
de camarote à violência
explodir; vê mais um embate entre jovens da periferia e os policiais; Muricy
conhece esse filme.
Mano Brown não se interessa pela linha evolutiva da MPB, não quer seguir na história de Orlando Silva e João Gilberto.
Muricy quer vencer,
nem que seja com cinco
homens atrás, pois o jogo
não é mais romântico. É fã
de Telê Santana, mas prefere ganhar jogando feio.
Nos movimentos da dupla, batem os corações de
muitos moleques da zona
sul paulistana.
Muricy, como Brown,
recusa os caras de gravata,
de esquemas complicados
e fórmulas mágicas. Muricy só quer chegar logo
em casa para tomar uma
lata. Talvez a utopia esteja
lá dentro, gelada.
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