São Paulo, domingo, 30 de setembro de 2007

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Análise

Muricy é o Mano Brown do futebol

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Mano Brown está no centro do programa "Roda Viva" (TV Cultura). Questionado sobre o governo Lula, o líder do grupo de rap Racionais elogia o presidente por não entregar os companheiros petistas, que agora têm a lei nos calcanhares com o início da ação penal do mensalão.
Muricy Ramalho está no centro da coletiva, no início do Nacional, com o São Paulo cambaleando na tabela. Um repórter pede a ele que aponte os setores vulneráveis de sua equipe. Ele diz que não é certo um homem, um líder, entregar seus companheiros.
Mano Brown erra palavras fáceis, ignora os plurais, encara os repórteres como rivais, inimigos. O treinador também.
Muricy usa agasalho, boné de time, tem a barba quase sempre por fazer, preza valores conservadores, como a família, que tenta preservar da "mídia"; Brown também.
O rapper está à frente da massa enfurecida e descontrolada na Sé, assiste de camarote à violência explodir; vê mais um embate entre jovens da periferia e os policiais; Muricy conhece esse filme.
Mano Brown não se interessa pela linha evolutiva da MPB, não quer seguir na história de Orlando Silva e João Gilberto.
Muricy quer vencer, nem que seja com cinco homens atrás, pois o jogo não é mais romântico. É fã de Telê Santana, mas prefere ganhar jogando feio.
Nos movimentos da dupla, batem os corações de muitos moleques da zona sul paulistana.
Muricy, como Brown, recusa os caras de gravata, de esquemas complicados e fórmulas mágicas. Muricy só quer chegar logo em casa para tomar uma lata. Talvez a utopia esteja lá dentro, gelada.

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