São Paulo, domingo, 30 de outubro de 2005

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FUTEBOL

A vez do "esquema MSI"

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

Neste espaço, a CBF foi chamada de Casa Bandida do Futebol.
Valeu processo, no qual se reconheceu o direito do jornalista.
Entre outros motivos, para não falar do sagrado direito de opinião, porque no futebol quem faz gol contra joga mesmo de bandido, expressão consagrada.
E a CBF se esmera em fazer um gol contra depois do outro, sem parar.
Razão pela qual o futebol não goza de credibilidade.
Nem mesmo quando a opinião pública se manifesta a favor de uma decisão, como mostrou o Datafolha em relação aos jogos anulados, a descrença diminui.
Como falou-se em "esquema Parmalat" nos anos 90, fala-se agora no "esquema MSI".
É claro que tem muito a ver com a paixão dos torcedores contrariados, com a tradicional tentativa de desqualificar as conquistas dos adversários, com as inevitáveis brincadeiras sem as quais o futebol não seria mesmo o que é.
Só que há mais. Há por que não acreditar.
Sobre a Parmalat descobriu-se depois estar envolvida num gigantesco esquema de lavagem de dinheiro, o que permitiu respaldar sérias desconfianças sobre arbitragens arrumadas para tirar o Palmeiras da fila, ainda mais numa federação de futebol, como a paulista, cujo presidente precisou cair fora para fugir da Justiça. E cujo sucessor manteve um árbitro com diploma falso.
Sobre a MSI, até antes que consumasse sua parceria com o Corinthians, já se sabia, graças à imprensa, da origem nebulosa do investimento.
Coisa que o Ministério Público paulista confirmou e o federal investiga sob sigilo, para não permitir que os investigados se previnam. Aliás, será necessário fazer uma lei que puna também esportivamente o clube que se valer de dinheiro sujo para conquistar títulos.
Árbitros erram, bandeirinhas erram, tanto quanto goleiros, centroavantes e jornalistas.
Mas ninguém desperta tamanha desconfiança como os árbitros, graças aos Ivens Mendes e Armandos Marques da vida, graças aos Ricos Terra (a coluna está saudosista, hoje) que até admitem falar em profissionalização das arbitragens, mas correm feito o diabo da cruz de discutir a autonomia dos departamentos de árbitros, sem a qual não adiantará profissionalizá-los.
Porque se pela taxa de arbitragem os apitadores já fazem o que fazem em sua subserviência, imagine se forem assalariados de quem os escala.
Máfia da Loteria Esportiva, em 1982 (quando até dos jogadores se desconfiava), esquemas Parmalat, Ivens Mendes, caso Armando Marques/Loebeling, CPIs do Futebol, da CBF/Nike, MSI/Bóris Berezovski, escândalo dos árbitros no Paraná, caso Edílson, e outros menos votados, quem há de acreditar que Belmiro da Silva errou sem querer no jogo Paysandu x Corinthians, mesmo que a falha no primeiro gol corintiano tenha sido daquelas que a Fifa avaliza? Fifa que promove a Copa do Mundo e que faz o que fez com a Itália em 2002?

Pecados
Nada justifica tirar Gustavo Nery e Ricardinho da reta final pelo título do Brasileirão e por uma vaga na Libertadores. Como não se justifica que os dois Alex (do PSV e do Fenerbahce) fiquem fora de mais uma convocação da seleção. Os acertos com Edmílson e Fred não compensam os erros, principalmente porque os amistosos servem apenas para fazer caixa na CBF.

Silêncio
O ministro do Esporte, que será candidato nas próximas eleições ao contrário do que se comprometeu com Lula, permanece mudo diante das crises no futebol e no basquete. Mas a agenda de Agnelo Queiroz revela encontros com Onaireves Moura, Eurico Miranda, Ricardo Teixeira, uma beleza!

blogdojuca@uol.com.br

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