|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
A vez do "esquema MSI"
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
Neste espaço, a CBF foi
chamada de Casa Bandida
do Futebol.
Valeu processo, no qual se reconheceu o direito do jornalista.
Entre outros motivos, para não
falar do sagrado direito de opinião, porque no futebol quem faz
gol contra joga mesmo de bandido, expressão consagrada.
E a CBF se esmera em fazer um
gol contra depois do outro, sem
parar.
Razão pela qual o futebol não
goza de credibilidade.
Nem mesmo quando a opinião
pública se manifesta a favor de
uma decisão, como mostrou o
Datafolha em relação aos jogos
anulados, a descrença diminui.
Como falou-se em "esquema
Parmalat" nos anos 90, fala-se
agora no "esquema MSI".
É claro que tem muito a ver com
a paixão dos torcedores contrariados, com a tradicional tentativa de desqualificar as conquistas
dos adversários, com as inevitáveis brincadeiras sem as quais o
futebol não seria mesmo o que é.
Só que há mais. Há por que não
acreditar.
Sobre a Parmalat descobriu-se
depois estar envolvida num gigantesco esquema de lavagem de
dinheiro, o que permitiu respaldar sérias desconfianças sobre arbitragens arrumadas para tirar o
Palmeiras da fila, ainda mais numa federação de futebol, como a
paulista, cujo presidente precisou
cair fora para fugir da Justiça. E
cujo sucessor manteve um árbitro
com diploma falso.
Sobre a MSI, até antes que consumasse sua parceria com o Corinthians, já se sabia, graças à imprensa, da origem nebulosa do investimento.
Coisa que o Ministério Público
paulista confirmou e o federal investiga sob sigilo, para não permitir que os investigados se previnam. Aliás, será necessário fazer
uma lei que puna também esportivamente o clube que se valer de
dinheiro sujo para conquistar títulos.
Árbitros erram, bandeirinhas
erram, tanto quanto goleiros,
centroavantes e jornalistas.
Mas ninguém desperta tamanha desconfiança como os árbitros, graças aos Ivens Mendes e
Armandos Marques da vida, graças aos Ricos Terra (a coluna está
saudosista, hoje) que até admitem falar em profissionalização
das arbitragens, mas correm feito
o diabo da cruz de discutir a autonomia dos departamentos de
árbitros, sem a qual não adiantará profissionalizá-los.
Porque se pela taxa de arbitragem os apitadores já fazem o que
fazem em sua subserviência, imagine se forem assalariados de
quem os escala.
Máfia da Loteria Esportiva, em
1982 (quando até dos jogadores se
desconfiava), esquemas Parmalat, Ivens Mendes, caso Armando
Marques/Loebeling, CPIs do Futebol, da CBF/Nike, MSI/Bóris Berezovski, escândalo dos árbitros
no Paraná, caso Edílson, e outros
menos votados, quem há de acreditar que Belmiro da Silva errou
sem querer no jogo Paysandu x
Corinthians, mesmo que a falha
no primeiro gol corintiano tenha
sido daquelas que a Fifa avaliza?
Fifa que promove a Copa do
Mundo e que faz o que fez com a
Itália em 2002?
Pecados
Nada justifica tirar Gustavo Nery e Ricardinho da reta final pelo título do Brasileirão e por uma vaga na Libertadores. Como não se justifica que os dois Alex (do PSV e do Fenerbahce) fiquem fora de mais
uma convocação da seleção. Os acertos com Edmílson e Fred não
compensam os erros, principalmente porque os amistosos servem
apenas para fazer caixa na CBF.
Silêncio
O ministro do Esporte, que será candidato nas próximas eleições ao
contrário do que se comprometeu com Lula, permanece mudo diante das crises no futebol e no basquete. Mas a agenda de Agnelo Queiroz revela encontros com Onaireves Moura, Eurico Miranda, Ricardo Teixeira, uma beleza!
blogdojuca@uol.com.br
Texto Anterior: Esgoto faz Rio desaconselhar esporte na lagoa Próximo Texto: Grêmio empata em Recife e é líder da Série B Índice
|