Empresa acredita que, se treinador repetir o que fez no Palmeiras, Corinthians naufraga na próxima temporada

No Parque Antarctica, ele foi criticado por contratar atletas de poucos recursos técnicos e, após fracassar, reclamar de time "nota 5"

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi só Emerson Leão começar a falar no planejamento de 2007 para a MSI ficar preocupada. O assunto é mais um ponto de discordância entre o Corinthians e sua parceira.
Enquanto Leão e Alberto Dualib cobram mais dinheiro para o futebol, o fundo presidido por Kia Joorabchian pensa em fechar ainda mais a torneira da gastança que já consumiu cerca de R$ 150 milhões em quase dois anos de acordo.
Contribui para essa linha de conduta o fato de a MSI ter como referência em termos de planejamento o que Leão fez no Palmeiras no início deste ano.
Avalia que, se o técnico repetir seus métodos do Parque Antarctica, o Corinthians vai naufragar na próxima temporada.
No Palmeiras, Leão não deixou boa impressão na maioria dos cartolas. Após um início de ano arrasador, com sete vitórias seguidas, ele classificou a preparação como "ótima".
Depois, quando o time começou a tropeçar, atribuiu a irregularidade da equipe à falta de tempo de preparação -os palmeirenses ficaram uma semana em Jarinu para a pré-temporada. Leão pretende levar os corintianos para lá em 2007.
O técnico contratou também jogadores de qualidade técnica duvidosa, como Enílton, Ricardinho, Amaral e Márcio Careca. Desses, apenas Enilton vem sendo aproveitado. Leão acabou dando "nota 5" ao time e disse que era obrigado a trabalhar com o "Brasil brasileiro" por não poder trazer atletas caros -citou à época a MSI.
"Quando eu comentei era isso. O Corinthians estava na fase de investimento. Depois veio a época da manutenção e agora é a da correção", analisa Leão.
Agora no Corinthians, ele reclama de não poder usar o dinheiro da parceira. "A realidade é outra. O investidor está fora há cinco meses. Não vi aqui. Se vier a investir para a correção, ótimo. Mas, inegavelmente, a sorte de campeão veio no ano passado", diz o treinador.
Ele cobra da MSI uma reposição à altura dos atletas que saíram do clube -Tevez, Mascherano e Carlos Alberto.
A parceira corintiana considera que justamente esse ponto reforça sua desconfiança sobre a conduta profissional de Leão. A empresa, que foi contrária a vinda do técnico, acusa Leão de ser o responsável pela saída dos jogadores.
Tevez e Mascherano disseram que deixaram o clube por causa dele. Carlos Alberto, multado em 40% do salário pelo clube, brigou com o treinador. Em relação aos argentinos, Leão nega que a debandada tenha o seu dedo.
Os episódios, avalia a MSI, serviram para mostrar que o técnico não sabe lidar com estrelas e que, por isso, seria arriscado investir em atletas caros com Leão no comando.
A parceira corintiana questiona também as contratações de César, Magrão e Amoroso. Argumenta que Leão montou sua equipe com base nesses atletas, mas que os contratos dos três vencem em meio a disputa do Brasileiro-2007.
A MSI avisa também que não está disposta a gastar com o lateral Anderson Lima e o atacante Elber, indicados por Leão. Diz que eles, com idades acima de 30 anos, não se encaixam no perfil da empresa.


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