São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 2005

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FUTEBOL

Na rota da queda, clube pegou dinheiro de instituições do "valerioduto"

Promotoria mira relação de Atlético-MG com bancos

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

O Ministério Público Estadual de Minas Gerais investiga empréstimos dos bancos BMG e Rural para o Atlético-MG, de 1999 a 2005. As duas instituições bancárias foram utilizadas pelo publicitário Marcos Valério para distribuir dinheiro a políticos, especialmente do PT.
O presidente do Atlético-MG, Ricardo Guimarães, também é dono e dirigente do BMG. Foi sob sua gestão que o clube caiu para a Série B do Brasileiro, no domingo.
Após denúncia do conselheiro do Atlético-MG, Manfredo Palhares, em agosto deste ano, os promotores Fernando Galvão e Eduardo Nepomuceno começaram a analisar os contratos de empréstimos firmados pelo dirigente e seus aliados a partir do final de 1998. A intenção é descobrir se o clube foi lesado.
De 2000 a 2004, a dívida do clube com bancos saltou de R$ 11,6 milhões para R$ 16,6 milhões. No total, os débitos por empréstimos são de R$ 50 milhões, um terço do total devido pelo clube.
Os promotores suspeitam que o clube se tornou mais dependente de Guimarães, pois o seu banco emprestou dinheiro ao time.
O Ministério Público já tem 101 contratos de empréstimos feitos pelo clube com bancos desde 1998. Desse total, 81 foram feitos com o Rural e o BMG-73 com o primeiro e oito com o segundo.
No ano em que começaram as operações financeiras, Guimarães era diretor financeiro do Atlético-MG. Estava subordinado ao presidente Nélio Brant, que, na época, era diretor do Rural.
A Folha obteve as cópias de 22 contratos entre o banco e o Atlético-MG em 1998 e 1999. No total, somam R$ 13,450 milhões.
Os juros anuais cobrados giram entre 44% e 69%, em empréstimos de 20 dias a 270 dias. Essas taxas estão próximas das de mercado para aquele ano- que eram de 64,3%/ano, diz a Associação Brasileiro de Bancos (Febraban).
Do total emprestado, R$ 3,3 milhões não apresentam carimbo de quitação. Sem pagamento no prazo, havia previsão de acréscimo de 30% ao total.
Pelo Atlético-MG, Guimarães assina dez dos 22 contratos- também aparece como avalista desses empréstimos. Os outros são assinados por Nélio Brant.
Em 2000, o BMG firmou oito contratos de empréstimos com o Atlético-MG, em soma R$ 8,469 milhões. O maior deles é de R$ 3,7 milhões, no qual incidem os juros mais elevados de 2,91% por mês.
Guimarães não assinou os contratos. Mas, em 2001, o dirigente assumiu a presidência do clube.
O Rural faz negócio com o Atlético-MG até hoje. Além dos bancos do "valerioduto", o Indusval (11 empréstimos), o Intermedium (7), o LS Momento Mercantil (1), o Bradesco (1) e o Mercantil (1) repassaram dinheiro ao clube.


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