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Inter vira pela 1ª vez e fica na mão do Grêmio
Time vence o Sport, torna-se vice-líder, mas dependerá do rival para ser campeão
Sport 2
Internacional 4
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE
Eram 22 minutos de jogo na
Ilha do Retiro. Guiñazu afastava uma bola quando o sistema
de som foi acionado. Primeiro,
para anunciar o gol do Santo
André no Náutico. Desgraça do
rival, festa na torcida rubro-negra. Em seguida, para avisar o 1
a 0 do São Paulo no Goiás, um
golpe direto, forte, no Inter.
Normal, não tivesse sido este
o último anúncio sobre a situação no Serra Dourada. As caixas
de som de Recife nunca revelariam a virada do Goiás.
Abatidos, os jogadores do Inter, que já não faziam um bom
jogo, desmontaram de vez. E, 18
minutos depois, levaram o gol.
Vandinho abriu o placar.
Um golpe, agora sim, ainda
mais forte no time gaúcho. Para
quem chegou a Recife com pretensões de alcançar a liderança,
perder para o único time já rebaixado era o fim do mundo.
Mais: virar era improvável. O
Inter não havia vencido uma
partida assim no Brasileiro.
E foi com expressão de espanto que os jogadores do Inter
saíram de campo e souberam
que o São Paulo perdia.
E foi de outra forma, com
uma postura mais ofensiva e
consistente, que a equipe de
Mário Sérgio voltou para o segundo tempo. Mudança vital.
Com Kleber e Andrezinho,
que entrou no lugar de D'Alessandro, o Inter, enfim, virou
neste Brasileiro. Correndo
muito, ciente de que estava em
jogo a última esperança de título, o time gaúcho conseguiu.
Fez 2 a 1, virou vice-líder e irá
para a última rodada em posição inusitada: pegará o quase
rebaixado Santo André, no Beira-Rio, mas terá de torcer para
o Grêmio, que enfrentará o Flamengo, no Maracanã.
"Acho que o Grêmio tem
condições de vencer. É um
grande time, apesar de ser arquirrival", disse Giuliano.
Herói do jogo, Andrezinho
foi colocado pela Rádio Gaúcha
para falar com Souza, do Grêmio. E ouviu o seguinte: "Se a
direção optar pela equipe principal, faremos nossa parte. Mas
dependemos muito da ordem,
talvez entrem os reservas. Somos profissionais, mas infelizmente dependemos da direção.
Se vier a ordem, a gente vê. Se
não vier, paciência".
Enquanto Souza falava, os
gritos da torcida gremista eram
claros: "Mengo, Mengo!"
Para uma equipe que havia
acabado de vencer um drible do
sistema de som da Ilha do Retiro, tratar tão cedo de outro assunto extracampo foi demais.
"Vamos acompanhar os procedimentos desta semana... Tomara que o Grêmio tenha o melhor time. Mas eu não vou ficar
fazendo apelos", declarou Fernando Carvalho, vice-presidente de futebol do Inter.
Mário Sérgio subiu o tom:
"Se os jogadores do Grêmio derem essa alegria à torcida, podem levantar suspeitas por todo seu futuro. Não quero crer
no Grêmio entregando o jogo".
Em Porto Alegre, Duda
Kroeff, presidente do Grêmio,
rebateu: "Quem jogará é problema só nosso. Mas talvez a
gente dê férias para alguns atletas, isso já estava decidido".
Na Ilha, rojões estouravam
para celebrar a queda do Náutico. Era só o começo da cacofonia. Nos próximos dias, o Inter
terá novos sons para driblar.
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