São Paulo, terça-feira, 30 de novembro de 2010 |
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LOS GRINGOS - JOHN CARLIN Não é o que parece
A PARTIDA DE ontem entre o Barcelona e o Real Madrid, o jogo mais aguardado do ano, revela uma verdade desconfortável. E, para o Brasil, dolorosa, dado o crescente entusiasmo que nos aguarda daqui até 2014. O fato é que o futebol mais emocionante do planeta não é jogado na Copa do Mundo, e sim entre os grandes clubes da Europa, que acumulam os melhores talentos disponíveis no cenário mundial e formam com eles equipes que jogam juntas o ano todo e desenvolvem uma combinação de sinergia, telepatia e "esprit de corps" que nenhuma seleção será capaz de equiparar. Basta observar a Espanha, campeã da última Copa, merecidamente. A seleção é uma sombra do Barcelona. Bem, talvez isso seja exagero causado pelo fato de que sete dos 11 titulares da equipe vieram do time catalão. Mas a seleção não conta com Messi, claramente o maior jogador do mundo, para quem quer que conheça futebol e não seja cego. E tampouco conta com o magnífico Daniel Alves. Ou, tampouco, com Cristiano Ronaldo, do Real Madrid. Desconsiderado "El Clásico", a Champions League é competição de padrão muito mais alto que o de qualquer Mundial recente. Alex Ferguson, técnico do Manchester United, disse que assistir às seis últimas Copas foi como "passar uma tarde no dentista". A Champions League é a verdadeira Copa do Mundo, o torneio no qual poderio e talento se combinam para elevar um time aos maiores píncaros do drama e da técnica. Se pudesse escolher, uma pessoa que leva o futebol a sério preferiria assistir às quartas de final da Copa do Mundo e não às da Champions League? Bastante improvável. As seleções poderiam ter prazo maior de preparação para a Copa. A temporada europeia poderia ser encurtada para que os jogadores não cheguem exaustos ao torneio, realizado em meio ao que seriam suas férias. E talvez surja uma grande seleção, talvez brasileira, em tempo para 2014, e nos leve a sonhar de novo, como aconteceu naquela distante mas ainda reluzente Copa de 1970. Por enquanto, porém, no pé em que as coisas estão e como devem permanecer, a mágica está nas competições que envolvem grandes times europeus, os clubes nos quais aquilo que o esporte tem de melhor a oferecer está concentrado da melhor e mais rica maneira. JOHN CARLIN é colunista do diário espanhol "El País" e autor de "Conquistando o Inimigo", livro que inspirou o filme "Invictus" Tradução de PAULO MIGLIACCI Texto Anterior: Seleção sub-20: Ney Franco convoca hoje para pré-olímpico Próximo Texto: Europa liga Teixeira a corrupção Índice | Comunicar Erros |
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