São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 2006

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o homem do ano

Equipe blinda favorito por título da SS

Franck Caldeira foge da poluição em Campos do Jordão e arma esquema para amenizar efeitos do assédio da mídia

Corredor conquistou neste ano a Volta da Pampulha, a Meia-maratona do Rio e, aos 23, ocupa o terceiro posto no ranking brasileiro


GUILHERME ROSEGUINI
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Amanhã, às 16h58, Franck Caldeira vai enfrentar os dois minutos mais complicados da Corrida de São Silvestre.
Segundo o atleta, é nesse instante que a ansiedade atinge seu nível mais alto e o peso que carrega nos ombros pode se transformar em um incômodo.
A largada da mais tradicional prova de rua do país acontece às 17h. E tem o atleta mineiro, 23 anos, como grande favorito.
O posto foi alcançado graças aos mais expressivos resultados obtidos por um brasileiro dentro do país na temporada.
Hoje, ele é o terceiro no ranking nacional da maratona, atrás de Marílson Gomes dos Santos, campeão em Nova York, e Vanderlei Cordeiro de Lima, bronze em Atenas-2004. Os dois não irão figurar no pelotão de elite amanhã.
Ocupa ainda o segundo lugar na lista dos 10.000 m -Marílson também é o líder.
Os feitos foram reforçados com uma preparação especial e um esquema para blindar o corredor dos efeitos negativos do assédio e do favoritismo.
Caldeira passou o último mês em Campos do Jordão. Além dos conhecidos efeitos da altitude na preparação dos atletas (ajuda a aumentar a oxigenação do sangue), o objetivo de seu treinador era fugir da poluição.
"Os carros são responsáveis pela emissão dos gases poluentes que mais afetam o desempenho dos atletas", diz Henrique Viana. "Além disso, ele podia desfrutar o agradável clima da montanha", completa.
O cenário, de fato, não foi escolhido à toa. Nem as companhias. Além de estar ao lado de atletas e treinadores, Caldeira passou o Natal com a namorada, Amanda Gonçalves, 22, que mora em Sete Lagoas (MG).
"Meu trabalho também é integrar pessoas. Ele é como um filho para mim. Eu preciso dar toda a assistência técnica e psicológica", afirma Viana.
Para proteger o pupilo, o técnico criou um esquema que visa evitar que o cerco da mídia atrapalhe o corredor.
Caldeira tem horários marcados para atender à imprensa, planejados minuciosamente para garantir os intervalos corretos de treinos e descanso.
"Em Campos do Jordão, eu atendia de seis a oito telefonemas por dia [de jornalistas]. Temos de conciliar as coisas de forma racional", diz Viana.
A preocupação cresceu neste ano, o melhor da carreira de Caldeira. Ele conquistou provas importantes como a Meia-maratona do Rio e Volta da Pampulha, em Belo Horizonte.
Além disso, firmou-se como nome importante do país para a maratona do Pan, em 2007.
A ascensão é admirada não só pelos resultados, mas também por sua idade -maratonistas costumam se destacar quando já ultrapassaram os 30 anos.
O início da carreira também foi precoce. Por influência do irmão, começou a correr aos 12 anos. Aos 16, deixava a casa dos pais para viver do atletismo.
"Um campeão da São Silvestre nunca surge do nada. Ele sempre tem rodagem, carreira com outros prêmios, história para contar. Eu estou começando a construir a minha."


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