São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 2006

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JOSÉ GERALDO COUTO

Essa lua, esse conhaque

A última coluna do ano é pretexto para um balanço da relação com os leitores e do uso feito deste espaço nobre

É FIM de ano e, como dizia Drummond, "essa lua, esse conhaque, botam a gente comovido como o diabo".
Mais que a lua, mais que o conhaque, o que costuma nos emocionar nas viradas de ano é a tendência a fazer uma retrospectiva do que passou, rebobinando o filme dos últimos doze meses.
No futebol, se pararmos para pensar, aconteceram tantas coisas em 2006 que é até difícil resumi-las numa única coluna. A Itália ganhou sua quarta Copa, Zidane transformou seu canto do cisne em chifrada de touro, Puskas morreu, o Internacional conquistou o Mundial de Clubes, o Atlético-MG voltou à elite, surgiram novos craques, jovens morreram estupidamente em brigas de torcida, marcaram-se milhares de gols, bateram-se recordes.
Alguns desses assuntos desfilaram tropegamente por esta coluna, outros tantos ficaram de fora. Seria talvez hora de fazer também um balanço crítico do uso que tenho feito do espaço nobre que o jornal me concede e que você, se estiver lendo agora, prestigia com sua atenção.
Quando eu era garoto, estava em voga um "best seller" chamado "Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas". (E que um amigo meu, Alex Antunes, um gênio a ser reconhecido, rebatizou de "Como Influenciar Amigas e Fazer Pessoas").
Pois bem: nunca tive muita vontade de influenciar pessoas, mas de fazer amigos sim. E uma das satisfações que esta coluna tem me dado é a de ter feito amigos pelo Brasil afora e até no exterior. Amigos virtuais, que só conheço por escrito, e que eventualmente se materializam em encontros reais.
Creio não cair na demagogia quando digo que esta coluna é feita em grande parte por esses amigos invisíveis, por suas demandas e sugestões, suas críticas e descobertas, por seu amor contagiante ao futebol.
É nesses amigos que eu penso neste momento de balanço e é a eles que ofereço um brinde. Lembro aqui os nomes de alguns dos mais assíduos, para que, além de invisíveis, eles não permaneçam anônimos. José Rosa Filho, Nelson Cunha, Conrado Giacomini, Dea Lucia Dias, Jônatas de Freitas Tallarico, Bento Bravo, Fred Navarro, Paulo Betti, João Eustáquio, Oswaldo Couto Jr., José Luiz do Couto Moraes (até primos a coluna me fez encontrar).
Claro que não estou mencionando os que já eram amigos e que me escrevem ocasionalmente para espinafrar, digo, comentar a coluna. Todos eles são co-autores deste pequeno retângulo semanal de idéias, dúvidas e especulações. Os erros, que não são poucos, são só meus.
E antes que eu resvale de vez para o sentimentalismo (essa lua, esse conhaque) termino a última coluna deste ano com versos do mesmo poeta que a abriu: "Minha vida, nossas vidas/ formam um só diamante./ Aprendi novas palavras/ e tornei outras mais belas".
Não quero mais que isso.

ORQUESTRA RUBRO-NEGRA
O especial que o Sportv exibiu sobre os 25 anos da conquista do Mundial pelo Fla mostrou o que tínhamos esquecido: aquele time era tão bom ou melhor que o atual Barcelona. Com Zico, Júnior, Leandro, Adílio e Andrade em campo, o futebol chegou a ser quase música.

VIDA IMITA ARTE
O jogador Eduardo Costa, que se destacou no Grêmio e chegou à seleção antes de ir para a Europa (hoje atua no Espanyol), foi detido por engano pela polícia em Florianópolis, confundido com um ladrão de carros. Os policiais deram uma exibição de racismo e prepotência semelhante, em todos os detalhes, à cena do craque Azul, em "Boleiros", de Ugo Giorgetti. Pior é que, incomodado com a publicidade que o episódio ganhou, Costa não quis processar os policiais racistas.


jgcouto@uol.com.br

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