São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 2006

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RODRIGO BUENO

O ano em que meus pés saíram...

Em 2006, pela primeira vez desde que era um gorducho bebê, passei um ano inteiro sem jogar o que tanto amo

INSPIRADO, claro, no ótimo "O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias", de Cao Hamburger, melhor filme do país no ano, fiz duas pequenas retrospectivas de 2006, uma sobre o futebol mundial e uma outra pessoal, sobre minha doída separação do esporte que tanto amo.
Muita coisa aconteceu planeta afora, mas as maiores lembranças são mesmo as da Copa da Alemanha.
Quase tão rechonchudo quanto eu, Ronaldo completou seus 15 gols em Mundiais, recorde histórico da nobre disputa, mas virou um dos símbolos da derrocada brasileira. Quase tão mascarado quanto eu, Roberto Carlos também pagou o preço pela sua soberba ao ajeitar o meião (será que ainda tenho algum em casa?).
Com uma coroinha de padre no cocuruto, mais ou menos como a minha, Zidane fez o melhor e o pior do Mundial. O futebol chorou sua cabeçada e chora sua ausência de cerca de seis meses dos gramados (eu não jogo há um ano e seis meses, e o futebol parece não sentir falta).
Sem nenhum craque "fantasista" (como eu imaginava ser) brilhando do meio-campo para a frente, a Itália conquistou seu tetra. E Cannavaro virou o primeiro zagueiro de origem a ganhar a ""Bola de Ouro" e o prêmio de melhor do mundo da Fifa (sorte minha que nunca peguei um defensor como ele pela frente...).
Nunca tive a habilidade de Ronaldinho, que deu show na Copa dos Campeões e no Espanhol, mas nunca fiz feio e, deixando a modéstia de lado (uma característica minha), tive momentos de Eto'o lá na frente, de Messi na ponta direita e de Deco mais no meio. Por mais que meu primeiro treinador (meu pai) gostasse de me escalar de volante, procurava incorporar o futebol do Falcão, não o de Edinho ou Wellington Monteiro, os cabeças-de-área campeões mundiais com o Internacional.
Para ser honesto, comecei a jogar bola porque meu pai era o técnico do time do bairro, o Real Parque. Mas, continuando com a honestidade, aprimorei muitas coisas. Com quatro anos, meu pai me botava para jogar com moleques que tinham o dobro da minha idade. Em alguns torneios de várzea, acho que fui "gato" ao contrário (pelo menos hoje não apareço no jornal como um Carlos Alberto, do Figueirense, cujo futebol parece ser até razoável, mas cujos documentos são uma baita fraude).
Voltando ao bom futebol mundial, Dunga ajudou, como técnico da seleção brasileira, a jogar luzes sobre alguns dos alternativos mercados da bola atual. Onde eu jogaria hoje se fosse um atleta profissional? Talvez estivesse ganhando a Copa Sul-Americana pelo Pachuca, feito único em torneios da Conmebol. Talvez virasse campeão da Oceania e atuasse no Mundial de Clubes pelo Auckland City. Ou quem sabe seria mais um brazuca no Sevilla, que levou Copa da Uefa e Supercopa da Europa?
Quando saí da operação que reconstruiu o ligamento cruzado anterior (o terrível LCA) do meu joelho direito, esperava, como os atletas de ponta, voltar a atuar em seis ou oito meses (a recuperação e a volta não são brincadeira, agora sei bem). Não tenho medo de uma segunda lesão grave (força aí Edu, pois o Valencia te espera), só fiquei preguiçoso, sedentário. Porém 2007 está logo aí: Meus Amigos x Resto do Mundo!

O ano em que o Ranking...
Diferentemente dos últimos anos, não publico na última coluna da temporada os times que ficaram de fora do Top 100 do Ranking Folha do Futebol Mundial. Quem quiser acompanhar a lista completa com os 320 times de 91 países poderá acessar amanhã o site do jornal (www.folha.com.br). Amanhã, aqui no Esporte, sai a elite do ranking internacional, o tradicional Top 100. Se você, por alguma razão, não pegar na rede a lista completa, escreva para o e-mail abaixo que dou um jeito. Até 2007!


rbueno@folhasp.com.br

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