São Paulo, quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

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TÊNIS

Talento e autenticidade


Um dos mais talentosos tenistas da história, Marat Safin deixa as quadras para viver prazeres de bon-vivant


RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

EX-TENISTA , Peter Lundgren já era treinador experimentado quando se juntou a Marat Safin. Como técnico, domara Marcelo Ríos, jogador de temperamento mais imprevisível do mundo, e o levara ao top ten. E tinha a experiência de trabalhar com o cavalheiro Roger Federer. Com Safin, a experiência foi, como ele define, "surreal".
Após levar o russo ao título na Austrália-2005, Lundgren treinava Safin em Barcelona. O clima era excelente. Então número três, Safin batia bola, mas cometeu erro bobo.
Não era jogo, ninguém estava vendo, mas o russo teve um ataque de fúria e arrebentou a raquete no chão. Em seguida, errou outra. Resultado: estourou outra raquete. Novo erro, aparentemente intencional: e outra raquete destruída. Outra bola ruim: mais uma raquete (ou menos uma).
Lundgren, que assistia ao "show", parou o "treino" quando viu que havia só mais duas raquetes. No dia seguinte, o treinador correu para o aeroporto: interceptou um amigo do tenista, que havia ganhado raquetes dele antes do treino e ia embora com os presentes, e as "confiscou", para que Safin tivesse raquetes suficientes para destruir naquela semana.
Na estreia, outro Safin foi à quadra: calmo, tranquilo, aplicado. Passivo até, não esboçou reação nem quando o argentino Jose Acasuso caminhava para vencer em dois sets.
Cumprimentou o rival e saiu calado, calmo -e com as raquetes intactas.
Histórias sobre Marat Mikhailovich Safin não faltam. Cada um que viveu com o russo tem sua predileta.
Safin foi um dos sete líderes do ranking nesta década e um dos mais talentosos da história do tênis. Ao chegar ao topo, perguntou, desanimado, a outro tenista que havia chegado lá: "[Ser número um] é isso?". Sempre deixou claro que não abriria mão dos prazeres da vida. Tratou de curtir festas, carros, porres, mulheres e viagens. Nem sempre jogou como um grande tenista que foi.
Agora, para oficialmente de jogar e se dedica à vida de bon-vivant. De novo Safin se mostra honesto com ele, com o circuito e com os fãs. E autêntico como poucos tenistas de alto nível são. Vamos sentir falta.

OUTRA AUSÊNCIA
Vale registro a aposentadoria de Fabrice Santoro. Aos 37 anos e há 20 no circuito, foi 17º do ranking, com seis taças -nenhuma de peso. O francês segurava a raquete com as duas mãos nos dois lados. Pete Sampras o apelidou de "O Mágico".

E OUTRA AUSÊNCIA
A também francesa Amelie Mauresmo, 30, ex-número um, não volta às quadras em 2010.

EM SÃO PAULO
Rola nesta semana, grátis, no parque Villa-Lobos, o Future de São Paulo. No domingo, Caio Zampieri virou e bateu Eládio Ribeiro Neto na final do Future de Sorocaba.

reandaku@uol.com.br

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