São Paulo, sábado, 31 de janeiro de 2009

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Para sobreviver a "tsunami", Robinho reforça sua equipe

Ciente da acusação de estupro desde o dia 15, atacante contrata advogado e consultor antes de o caso vir à tona

Empresários do atleta admitem que ele foi detido para um interrogatório, mas negam o pagamento de fiança e o exame de DNA


PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL A MANCHESTER

O atacante Robinho tinha conhecimento desde o dia 15 de janeiro de que era acusado de abuso sexual por uma mulher e montou uma enorme operação de blindagem para se defender da onda de críticas que viria.
A viagem do atacante ao Brasil, na semana passada, quando foi acusado de "fugir" da concentração na Espanha, teve como principal objetivo contar à família o que estava por vir, além de compromissos anteriores, como o de renovar o passaporte do filho pequeno.
Os dois empresários do jogador, Bernardo Assumpção e Evandro Souza, viajaram para Manchester no dia seguinte à volta de Robinho, assim como o seu pai, Gilvan de Souza, e ficarão pelo menos até depois do amistoso da seleção brasileira, no próximo dia 10.
Dias antes de o caso vir à tona, os empresários do atacante do Manchester City contrataram "um dos melhores advogados criminalistas da Inglaterra", nas palavras de Assumpção, e uma consultoria de imagem que trabalha com alguns dos jogadores mais famosos do Reino Unido.
O site da empresa, a NVA Management, mostra uma imagem de Chris Nathaniel, agora porta-voz de Robinho, com o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown.
Nathaniel acionou uma rede de contatos nos jornais ingleses e informa constantemente os empresários sobre quais devem ser os próximos passos da mídia. Segundo a Folha apurou, a expectativa é que agora as baterias se voltem contra a mulher que acusou Robinho.
"A gente sabia que vinha uma bomba, não o tsunami", diz Assumpção. Tanto ele como o outro empresário de Robinho, Evandro Souza, não revelam os valores envolvidos com a operação de blindagem.
Souza, conhecido como "Bad" e amigo do jogador há mais de 20 anos, afirma que "este foi mesmo o mês de dar pancada no Robinho".
O depoimento sobre o caso estava marcado fazia pelo menos dez dias, e a equipe do jogador chegou a montar uma estratégia para despistar a imprensa, com dois carros idênticos saindo na mesma hora, um em direção ao clube e outro para a delegacia. Deu certo. Não há foto do depoimento.
Robinho, 25, foi acusado de abusar sexualmente de uma mulher de 18 anos no camarote de uma boate, no dia 14. No dia 15 à noite, foi informado do caso, que só veio à tona nesta semana, depois que o jogador prestou depoimento à polícia. O atleta nega a acusação.
Apesar de claramente evitarem atrito com a imprensa britânica, os assessores do jogador acreditam que ele foi vítima de uma campanha negativa.
Os empresários admitem que Robinho foi detido para interrogatório, mas negam todo o resto. Afirmam que o jogador não pagou fiança nem fez coleta para exame de DNA, informações publicadas pela imprensa britânica. "É mentira", afirma Souza. "É totalmente falso", declara Nathaniel.
A reportagem teve acesso ao boletim de ocorrência do depoimento do jogador e, de fato, não consta o pagamento de nenhuma quantia. O documento informa, no entanto, que Robinho terá de depor mais uma vez nas próximas semanas, quando as investigações estiverem mais avançadas.
Robinho ainda não deu entrevista sobre o caso -apenas uma declaração em seu site oficial. Em uma conversa decisiva com o seu pai na quarta-feira passada, o jogador voltou a negar que tenha feito qualquer coisa de errado, e o pai decidiu, então, que era hora do silêncio.
Para mostrar que não foi abalado pelo caso, o jogador foi a um show anteontem à noite com a mulher e amigos.


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