São Paulo, sábado, 31 de janeiro de 2009

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MOTOR

O ano de Nelsinho


Para filho de Piquet, Mundial que começa em março deve ser de imposição, porque traz ares de última chance

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

"CARRO NOVO sempre dá alguns probleminhas", disse Nelsinho após a primeira bateria de testes com o R29, no Algarve. Além do diminutivo, usou também o clima para relativizar a importância dos treinos. "Não deu pra sentir o gosto do carro. Choveu muito. Foram voltas apenas para ver se tudo estava funcionando, se não havia nenhuma suspensão tocando no chassi, na carenagem..."
Alonso também testou em Portugal. E, segundo a "Motorsport Aktuell", da Suíça, não gostou do que viu. A portas fechadas, criticou duramente o desempenho do modelo, último colocado no único dia aproveitável de pista da semana passada.
"Criticar duramente", no caso de Alonso, implica overdose de decibéis, socos na mesa, cara fechada.
Reações tão distintas como as posições que eles ocupam na Renault.
Que são um retrato do que foi a equipe em 2008: um líder inconteste, um novato acabrunhado. Cenário que, tudo indica, se repetirá em 2009. O que é ruim para o brasileiro.
Não, Nelsinho não precisa gritar, bater na mesa ou socar a parede, como vi Alonso fazer certa vez em Mônaco. Até porque não tem estofo para isso. Mas, se o ano passado foi de estreia, de reconhecimento do terreno, de tentar ficar longe dos problemas, este deve ser de imposição, porque traz ares de última chance.
Até Interlagos, o brasileiro tinha o emprego sob risco. Mas então Piquet pai apareceu no autódromo, conversou bastante com Briatore, e a renovação foi anunciada três dias depois da corrida. Esse é o tipo de estratégia, de intervenção ou de pedido que funciona apenas uma vez.
O que resolve agora é pé embaixo.
Pé embaixo com regularidade. Nelsinho terminou 2008 na metade de baixo da tabela, em 12º, enquanto Alonso ficou lá no alto, em quinto.
Mais badalado -com razão- piloto da nova geração, Vettel foi o oitavo.
E neste ano usará motor Renault.
Comparações injustas, às quais caberiam várias ressalvas? Sim.
Mas serão essas comparações que, em dez meses, ou antes disso, decidirão a carreira de Nelsinho. Aliás, quem disse que a F-1 é justa?

TORMENTA
Mesmo que faça um 2009 sublime, Nelsinho pode ter um problemão adiante. Junte a crise global às reservas de Carlos Ghosn em relação ao investimento da montadora na F-1 ( 225 milhões em 2008) aos boatos de demissões que rondam Enstone. A conclusão é fácil.

NAUFRÁGIO
Frederico Vasconcelos, em seu blog na Folha Online, revelou nesta semana que Castro Neves pode fechar acordo com a Justiça americana: cinco anos de prisão, US$ 7,5 milhões de multa e confisco dos bens adquiridos desde 2002. Seria o fim da carreira na Indy. Mas sairia barato perto das outras opções.

fabio.seixas@grupofolha.com.br


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