São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 2010 |
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PAULO VINICIUS COELHO Clássico sem perdão
NOS ANOS 90, Roberto Carlos era um dos símbolos de um tempo em que o Palmeiras contratava quem queria, para ganhar o que bem entendesse. Com o lateral, o Palmeiras só não venceu a Libertadores. Hoje, Roberto Carlos é símbolo de um período em que o Corinthians se tornou o clube que contrata mais e melhor do que todos os seus rivais. Evidentemente, esta última frase só ficará na história como verdade incontestável se vier o título da Libertadores. Mas, à parte o sucesso ou o fracasso das contratações, a comparação entre o Corinthians que compra e o Palmeiras que vende está estampada nos acalorados debates do Parque Antartica. "É incrível como todos conseguem contratar, menos o Palmeiras", diz o conselheiro Serafim Del Grande, vice-presidente de futebol na época em que Roberto Carlos vestia-se de verde. O detalhe do desabafo é que Del Grande pertence ao grupo que apoia o presidente Belluzzo e a direção de futebol. Com a saída de Deyvid Sacconi para o Nantes, da França, o clássico de hoje coloca frente a frente as duas políticas. O time que compra contra o que vende. No Parque Antártica, as paredes não apenas têm ouvidos como falam pelos cotovelos. Põem a culpa na dupla de dirigentes do futebol, Gilberto Cipullo e Toninho Cecílio, que vão ao mercado a passos de tartaruga. Dizem também que a Traffic está insatisfeita com Muricy, que não escala jogadores da empresa -o fraco meia Marquinhos é usado como exemplo. Sabotá-lo seria o real motivo da falta de reforços, gritam as cornetas alviverdes. "Isso não faz o menor sentido e é um absurdo", diz Júlio Mariz, presidente do braço esportivo da Traffic. "Não compramos porque o mercado está difícil. Depois da janela de transferências, pode ficar melhor." Alguém dirá que o Palmeiras tem a geração mais talentosa produzida nas divisões de base desde 2003, quando Vágner Love e Edmilson saíram da Copa São Paulo para ganhar a Série B. A verdade é que Muricy só escalou Gabriel Silva e João Arthur na quarta-feira por absoluta falta de opções. Esse é o grande perigo... Para o Corinthians. Mano Menezes ainda não venceu um clássico contra o Palmeiras, e o Corinthians não vence o rival desde 2006. São sete partidas, com cinco vitórias verdes e dois empates -o maior tabu foi de 12 jogos favoráveis ao Palmeiras, entre 1930 e 1934. O Corinthians já foi alvo de vaias injustificáveis devido ao empate por 1 a 1 com o Mirassol no meio da semana. No caso corintiano, é preciso entender que o time apostou num período longo de treinamentos, em meio a jogos oficiais obrigatórios pelo calendário apertado que, em condições ideais, seriam substituídos por inofensivos amistosos. Em 1999, ano da conquista da Libertadores, o Palmeiras escalou reservas e perdeu nas três primeiras rodadas do Rio-São Paulo, enquanto os titulares treinavam em Serra Negra. Quando chegou o clássico contra o Corinthians, a pré-temporada tinha acabado, os titulares estavam em campo, prontos para a vitória. Para o Corinthians, o clássico vem fora de hora. No Palmeiras, não. Lá, as críticas são justas. Fora de hora são as contratações. pvc@uol.com.br Texto Anterior: Pacaembu verá time perto do ideal Próximo Texto: Vila festeja Robinho e vitória dos meninos Índice |
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