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FUTEBOL
Federação paulista computa título estadual de 1931 para o clube, que ainda diverge sobre a conturbada fundação
Só São Paulo separa São Paulo da 21ª taça
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o São Paulo for campeão hoje, será o 20º ou o 21º título paulista do time? Para a Federação Paulista de Futebol, será o 21º. Para o
clube, ainda pairam dúvidas.
A assessoria de imprensa da
FPF deu ontem à Folha a posição
oficial da entidade sobre o título
de 1931. Como consta no site da
entidade, a conquista é creditada
ao atual São Paulo Futebol Clube,
que foi fundado em 1935, mas
preserva as glórias do time homônimo que foi fundado em 1930.
Segundo o presidente do São
Paulo, Marcelo Portugal Gouvêa,
o primeiro artigo do estatuto do
clube explica a posição do time.
"O São Paulo Futebol Clube,
fundado em 16 de dezembro de
1935, preservador das glórias e
tradições do São Paulo Futebol
Clube da Floresta, o qual foi fundado em 25 de janeiro de 1930 e
extinto em 14 de maio de 1935...",
diz o artigo primeiro do clube.
Os nomes dos dois São Paulo
Futebol Clube aparecem no estatuto em negrito. O termo ""da Floresta", um apelido, não é destacado. Porém, segundo Gouvêa, o
texto é dúbio propositalmente.
"O que você entende do texto?
Ele é dúbio. Foi escrito assim para
agradar a gregos e troianos. Há
são-paulinos ilustres que contam
a fundação como a de 1930. Há
outros que não. Vou encerrar
meu mandato sem conseguir harmonizá-los", disse Gouvêa.
O dirigente não quis se posicionar sobre quantos títulos seu clube tem, mas atestou a decisão da
Federação Paulista de contar o título de 1931, o que não havia ficado muito claro em outras gestões.
"A Federação Paulista é uma
entidade séria, oficial e que coordena as competições estaduais.
Fala com autoridade. Se ela regulamentou que o título de 1931 é do
São Paulo, ótimo. É mais um título para o São Paulo", afirmou.
Se o São Paulo conseguir então
hoje o 21º título do Paulista, igualará o número de conquistas do
Palmeiras, ficando atrás só do Corinthians -fundado em 1910, o
time alvinegro tem 25 taças.
Curiosamente, o clube do Morumbi deve empatar em títulos
com o do Parque Antarctica bem
na administração de Marco Polo
Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol, que torce
pelo Palmeiras e que homologou
em sua gestão o título de 1931 para
o atual São Paulo -livro bancado
pela FPF na gestão anterior, de
Eduardo José Farah, separava o
atual São Paulo do de 1930.
"Quem é são-paulino é são-paulino desde 1930. É a mesma
camisa, escudo, bandeira... Claro
que contamos o título de 1931. Do
contrário, estamos ignorando páginas de nossa história, desrespeitando muitos que honraram o
clube. O nome São Paulo está acima do de qualquer pessoa", diz
José Acras, membro do Conselho
Consultivo do clube, conselheiro
vitalício e pesquisador do futebol.
O Conselho Consultivo, órgão
que preserva a memória do clube,
tem como um de seus mais ilustres membros Ives Gandra da Silva Martins. "Fui por vários anos
presidente do Consultivo e não
via ninguém que não reconhecia
o título de 1931. Sou sócio desde
1943 e sou o mais radical. O São
Paulo é de 1930 sim, e acho que até
títulos do Paulistano [11] deveriam ser contados", disse ele.
Alguns dirigentes são-paulinos
que ainda separam os dois clubes
(seriam menos de 5% dos conselheiros), segundo a Folha apurou,
têm certa vergonha da administração do primeiro São Paulo Futebol Clube, que fechou as portas
em crise financeira, embora tenha
sido vitorioso em campo.
Há ainda quem considere o São
Paulo campeão de 2002, ano em
que o time venceu o Supercampeonato Paulista. Mas a federação
dá o Ituano como campeão.
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