São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COPA 2006

Sexo é sempre bem-vindo ao futebol, afirma Parreira

Técnico recusa o discurso de Scolari na Copa passada e só veta fumo, bebida e pouco descanso

FÁBIO VICTOR
DE LONDRES

Sexo é sempre bem-vindo, e praticá-lo na véspera das partidas não prejudica nem o jogador nem o time, muito pelo contrário. Quem disse isso, e às portas da Copa do Mundo, não foi Romário, Ronaldo, nem nenhum outro craque mulherengo, mas Carlos Alberto Parreira.
Em entrevista à revista masculina inglesa "Maxim", o técnico da seleção revelou que a política de manter o time em concentrações fechadas, que vai vigorar mais uma vez na Alemanha, não busca a castidade dos atletas.
O repórter questiona: "Você proíbe seus jogadores de fazerem sexo antes de um jogo? Qual sua política"? E Parreira: "Não, não, não, não. Nós não os mantemos fechados na concentração por causa de sexo; é porque, do contrário, eles não conseguem ficar afastados das pessoas. As pessoas os encontram. Eles são tão populares, são celebridades, e não podem ficar soltos".
"Então", prossegue o treinador, "a melhor maneira de mantê-los calmos é tê-los na concentração. Não acho que sexo um dia antes do jogo cause dano ao jogador. Apenas sexo? Sem problema. O problema é se eles não comem, não dormem, fumam e bebem. Esse é o problema. Sexo!!?? Não, sexo é sempre muito bom. Sempre bem-vindo."
Seria, para qualquer entendedor, a senha para a liberação do amor durante a Copa. Seria. Consultada sobre a entrevista de Parreira, a CBF informou que o técnico não vai permitir sexo na véspera dos jogos do torneio. A única possibilidade, observou a assessoria da confederação, será no dia de folga dos atletas, quando estarão liberados para fazer o que bem entenderem -em 1994, nos EUA, Parreira dizia o mesmo.
A questão é quase tão antiga quanto o futebol e divide treinadores ao longo dos tempos, mas o que salta aos olhos é o aparente liberalismo de Parreira em relação ao seu antecessor no cargo. Luiz Felipe Scolari, notório linha-dura com os hábitos de seus jogadores, proibiu o sexo durante a Copa-2002, vencida pelo Brasil.
A contradição entre as declarações de Parreira à "Maxim" e o esquema que deverá adotar na Copa revela o desconforto e a falta de clareza com que a maioria dos técnicos trata o assunto.
Com o próprio Scolari dava-se algo inverso, mas ao mesmo tempo parecido: no discurso ele falava grosso, como um ditador, mas as prostitutas do leste europeu que inundavam a cidade sul-coreana de Ulsan, base do Brasil no início do Mundial passado, não raro foram vistas na concentração da seleção -impossível saber se dormiram com os craques, mas é certo que circulavam no local.
Na entrevista, Parreira cita as rodas de samba promovidas pelos jogadores como uma das chaves do relaxamento da seleção e diz que incentiva a prática. "Psicólogos dizem que é muito importante, no vestiário e indo do hotel para o estádio, que você faça alguma coisa com as mãos, com a boca. Se você apenas senta e se preocupa? Apertando as mãos? Não vai ajudar. Se você toca alguma coisa, ajuda a relaxar. Daí porque nós damos a eles os tambores."


Colaborou Paulo Cobos, da Reportagem Local

Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Frases
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.