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COPA 2006
Sexo é sempre bem-vindo ao futebol, afirma Parreira
Técnico recusa
o discurso de Scolari na Copa passada e só veta fumo, bebida e pouco descanso
FÁBIO VICTOR
DE LONDRES
Sexo é sempre bem-vindo, e
praticá-lo na véspera das partidas
não prejudica nem o jogador nem
o time, muito pelo contrário.
Quem disse isso, e às portas da
Copa do Mundo, não foi Romário, Ronaldo, nem nenhum outro
craque mulherengo, mas Carlos
Alberto Parreira.
Em entrevista à revista masculina inglesa "Maxim", o técnico da
seleção revelou que a política de
manter o time em concentrações
fechadas, que vai vigorar mais
uma vez na Alemanha, não busca
a castidade dos atletas.
O repórter questiona: "Você
proíbe seus jogadores de fazerem
sexo antes de um jogo? Qual sua
política"? E Parreira: "Não, não,
não, não. Nós não os mantemos
fechados na concentração por
causa de sexo; é porque, do contrário, eles não conseguem ficar
afastados das pessoas. As pessoas
os encontram. Eles são tão populares, são celebridades, e não podem ficar soltos".
"Então", prossegue o treinador,
"a melhor maneira de mantê-los
calmos é tê-los na concentração.
Não acho que sexo um dia antes
do jogo cause dano ao jogador.
Apenas sexo? Sem problema. O
problema é se eles não comem,
não dormem, fumam e bebem.
Esse é o problema. Sexo!!?? Não,
sexo é sempre muito bom. Sempre bem-vindo."
Seria, para qualquer entendedor, a senha para a liberação do
amor durante a Copa. Seria. Consultada sobre a entrevista de Parreira, a CBF informou que o técnico não vai permitir sexo na véspera dos jogos do torneio. A única
possibilidade, observou a assessoria da confederação, será no dia
de folga dos atletas, quando estarão liberados para fazer o que
bem entenderem -em 1994, nos
EUA, Parreira dizia o mesmo.
A questão é quase tão antiga
quanto o futebol e divide treinadores ao longo dos tempos, mas o
que salta aos olhos é o aparente liberalismo de Parreira em relação
ao seu antecessor no cargo. Luiz
Felipe Scolari, notório linha-dura
com os hábitos de seus jogadores,
proibiu o sexo durante a Copa-2002, vencida pelo Brasil.
A contradição entre as declarações de Parreira à "Maxim" e o esquema que deverá adotar na Copa revela o desconforto e a falta de
clareza com que a maioria dos
técnicos trata o assunto.
Com o próprio Scolari dava-se
algo inverso, mas ao mesmo tempo parecido: no discurso ele falava grosso, como um ditador, mas
as prostitutas do leste europeu
que inundavam a cidade sul-coreana de Ulsan, base do Brasil no
início do Mundial passado, não
raro foram vistas na concentração
da seleção -impossível saber se
dormiram com os craques, mas é
certo que circulavam no local.
Na entrevista, Parreira cita as
rodas de samba promovidas pelos
jogadores como uma das chaves
do relaxamento da seleção e diz
que incentiva a prática. "Psicólogos dizem que é muito importante, no vestiário e indo do hotel para o estádio, que você faça alguma
coisa com as mãos, com a boca. Se
você apenas senta e se preocupa?
Apertando as mãos? Não vai ajudar. Se você toca alguma coisa,
ajuda a relaxar. Daí porque nós
damos a eles os tambores."
Colaborou Paulo Cobos, da Reportagem Local
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