São Paulo, sábado, 31 de março de 2007

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foi campeão!

Lobby de seis meses dá a Palmeiras título mundial

Para Fifa reconhecer Copa Rio-51, clube teve ajuda até de deputado federal

Fax que homologa o título foi enviado à CBF em 9 de março, 21 dias antes de a entidade nacional notificar oficialmente o time paulista

Fernando Santos/Folha Imagem
O presidente Affonso della Monica ergue a taça da Copa Rio de 1951


PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Palmeiras é, desde ontem, campeão mundial reconhecido pela Fifa. E até que a Copa Rio de 1951 fosse elevada ao status de "primeiro campeonato mundial de clubes" um esforço político sem precedentes e que se arrastou por quase seis meses foi necessário.
A Folha apurou que, para que o processo chegasse ao ponto de a CBF comunicar o clube anteontem, via fax, a legitimidade da conquista, o Palmeiras precisou fazer lobby com políticos e cartolas.
A luta começou entre o fim de setembro e o começo de outubro do ano passado, pouco depois que o clube percebeu que, mesmo tendo entregado um extenso dossiê atestando o caráter de torneio mundial, teria que fazer mais que isso para que a Fifa desse seu aval ao título obtido no Rio há 56 anos.
Depois da visita do presidente da entidade do futebol mundial, Joseph Blatter, ao Brasil para uma audiência com o presidente Lula veio a idéia de aproveitar o momento para questionar o cartola, via Embaixada do Brasil na Suíça, sobre o andamento do processo de reconhecimento. Informalmente, conselheiros palmeirenses pediram ao então presidente da Câmara de Deputados Aldo Rebelo (PC do B) que ajudasse a realizar esse contato.
Após o questionamento da Embaixada do Brasil na Suíça, feita por carta endereçada a Blatter, em que o país também lhe agradecia a visita a Lula, o presidente da Fifa repassou a responsabilidade de tratar do caso a Urs Linsi, secretário-geral da entidade. Este, por sua vez, o encaminhou à CBF.
Cientes de que a palavra da CBF seria decisiva para o título mundial, cartolas do Palmeiras tiveram que convencer Ricardo Teixeira a dar o seu sim.
O argumento usado foi o de que, dando seu aval à Fifa para que a Copa Rio-51 virasse o primeiro Mundial de Clubes, Teixeira teria a seu favor a gratidão de três palmeirenses ilustres que poderiam lhe ser úteis para o andamento do projeto do Brasil para sediar a Copa-2014: o deputado Aldo Rebelo, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e o presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero.
Teixeira pôde perceber o quanto a homologação do título de 1951 era importante para os palmeirenses durante o encontro com Serra, na última quarta-feira. Na entrevista coletiva, o governador paulista declarou que seu papel para ajudar o clube do coração a se tornar campeão do mundo fora convencer Teixeira de como os palmeirenses consideravam relevante o título.
Coincidência ou não, a oficialização do Palmeiras campeão do mundo de 1951 só ocorreu depois da reunião. O sim da Fifa ao pedido palmeirense, porém, já ocorrera bem antes. Desde o dia 9 de março a CBF tinha em seu poder um fax da Fifa, com a assinatura do secretário-geral Urs Linsi, reconhecendo a Copa Rio como o primeiro Mundial de Clubes.
Apesar disso, a própria Fifa parecia desconhecer esse seu aval. No início desta semana, ao ser questionada pela Folha, a entidade mundial respondeu que somente os Mundiais de 2000, 2005 e 2006 haviam sido realizados sob sua chancela.


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