São Paulo, sábado, 31 de maio de 1997.



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Resultado até que foi bom para a seleção

MATINAS SUZUKI JR.
do Conselho Editorial

Meus amigos, meus inimigos, 4 a 2 até que foi bom.
Poderia ter sido, tranquilamente, 6 a 2, pois os noruegueses deixaram de converter duas bolas quando estavam face a face com Taffarel.
A seleção brasileira voltou a mostra a sua deficiência estrutural desde que o velho Lobo do fut Zagallo assumiu o seu comando após a Copa de 94.
Há quase um consenso internacional entre técnicos e estudiosos de táticas de futebol que o velho sistema de quatro zagueiros, mais dois volantes à frente, adotado pelo Brasil, não é o mais eficiente em termos de marcação.
Essa deficiência estrutural, no caso de Zagallo, é acentuada pela grave deformação do técnico, que não trabalha taticamente o posicionamento dos jogadores de defesa, deixando-os entregues ao improviso e ao sabor do talento individual, em um setor onde cada vez mais o que conta é a aplicação tática e o posicionamento.
Depois de três anos e de mais de 30 jogos, a seleção brasileira continua em uma preocupante estaca zero nesse setor, e, se Zagallo não se conscientizar da importância de realizar um trabalho intensivo com os jogadores da defesa, a seleção brasileira corre o risco de passar por novos vexames.
No primeiro e no quarto gol da Noruega, Célio Silva deixou a área para dar combate e não teve, inexplicavelmente, cobertura nem dos laterais e nem dos cabeças-de-área.
No segundo e no terceiro, Márcio Santos caiu para o setor de Roberto Carlos e o fenômeno da ausência de cobertura se repetiu.
Como os comentaristas Paulo Roberto Falcão e Tostão têm demonstrado à exaustão, o padrão brasileiro de quatro zagueiros em linha é um convite para que dois adversários fiquem frente a frente contra dois ou apenas um zagueiro dentro da área, como cansou de acontecer em Oslo.
Dunga e Mauro Silva não tiveram função tática nenhuma na partida. Estão lentos e viraram apenas trombadores que nem sequer cobrem os espaços vazios (também revelaram-se nulidades como alternativa para vir com a bola dominada de trás, já que o ataque estava muito bem marcado).
Houve até um momento patético no segundo tempo: os dois correndo feito desesperados para conter o atacante Fore André Flo e só conseguindo com uma falta de Dunga.
Quando o ataque brasileiro não funciona -e com isso, compensa os erros da defesa-, a seleção brasileira vira um time incrivelmente frágil.

Santos e São Paulo têm tudo para fazer, hoje à noite, um jogo de prender a atenção até dos que não torcem nem para um nem para o outro.
São dois times com vocação ofensiva, e a obrigação de vencer do alvinegro esquentará o frio que corta São Paulo.
Espero menos do jogo de amanhã no Morumbi, pois o Palmeiras é uma incógnita.
Contudo, como todo mistério, pode dar algum susto.

Um pequeno balanço das seleções dos mais elegantes até agora: Carlos Alberto foi o mais votado, com dez votos; Falcão e Beckenbauer dividem o 2º lugar com nove; Didi é o terceiro com oito; e Newton Santos e Cruyff têm sete votos.


Matinas Suzuki Jr. escreve às terças, quintas e sábados.



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