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São Paulo, sábado, 31 de maio de 2003

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FUTEBOL

Torres pede equipe e viagens, mas não sabe nem se será remunerado

CBF deixa o ouvidor do Brasileiro sem regalias

RICARDO WESTIN
DA SUCURSAL DO RIO

Toda a empolgação que Carlos Alberto Torres não conseguia esconder desde que foi convidado para ser o ouvidor da CBF no Brasileiro foi fortemente abalada por uma conversa que teve com o presidente da entidade, Ricardo Teixeira, na noite de anteontem.
Torres, 57, o capitão da seleção que conquistou o tricampeonato na Copa de 1970, recebeu o convite na segunda-feira. Desde então, vinha dizendo que seria imprescindível que tivesse uma equipe de trabalho e que viajasse pelo país para acompanhar as rodadas do Nacional, que se estende até meados de dezembro.
Segundo o capítulo do Estatuto do Torcedor que trata da "transparência na organização", o ouvidor tem como obrigações receber sugestões e reclamações dos torcedores, propor soluções e encaminhá-las à entidade que organiza a competição, a CBF.
Ao criar a figura do ouvidor, a entidade adota a segunda novidade para se adaptar às exigências do estatuto. A primeira foi a realização de sorteios públicos para definir os árbitros dos jogos.
"Preciso ter condições de realizar um bom trabalho. Não adianta ser nomeado e não fazer nada. Isso eu não quero", afirmava Torres antes da reunião na CBF, acrescentando que já tinha na cabeça como seria sua equipe.
No entanto ele saiu do encontro aparentemente conformado com o fato de que não comandaria nenhuma equipe nem faria viagens.
Apesar de suas exigências terem sido derrubadas, não desistiu de ser o ouvidor do Nacional. "Isso [equipe e viagens] não é mais tão necessário", disse o ex-jogador.
Segundo Torres, a CBF argumentou que as federações designarão 25 orientadores para cada jogo realizado em seus Estados. Eles ficarão encarregados de ouvir os torcedores e repassar as sugestões e reclamações para o ouvidor. Entretanto ele disse que esporadicamente poderá viajar.
Torres também ouvirá a torcida por meio de carta e de e-mail (torres.ouvidor@cbffutebol.com. br). Segundo o estatuto, ele terá que responder pelo mesmo meio de comunicação utilizado pelo torcedor, em no máximo 30 dias.
A convite do prefeito Cesar Maia, o capitão do tri trabalha há dois meses como presidente da Rio Esportes, fundação que cuida dos projetos sociais do Rio na área de esportes. Ele diz que será possível conciliar as duas funções: "Vou vir aqui [sede da CBF] pelo menos uma vez por semana".
Outro ponto polêmico e que, segundo Torres, não ficou esclarecido na reunião na CBF é se o ouvidor receberá pelo trabalho.
O Estatuto do Torcedor diz que a função "poderá se remunerada" pelos clubes participantes.
"Conhecendo o alto grau de profissionalismo da CBF, tenho certeza absoluta de que receberei por isso", afirmava o ouvidor até quinta-feira. Porém ele deixou a entidade sem uma definição. "Não tocamos no assunto."
O ex-presidente do Fluminense Francisco Horta, que foi nomeado ouvidor da Copa do Brasil (horta.ouvidor@cbffutebol.com.br) e também participou do encontro com Teixeira, declarou que não quer receber.
Ele, que precisa cuidar só dos dois jogos da final, disse que aceitou o cargo "por amor ao futebol". "O fundamental é servir", disse Horta, para emendar depois: "Mas tenho certeza de que o Carlos Alberto será remunerado".


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