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FUTEBOL
Nivelamento por baixo
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Lembra de quando o clássico
São Paulo x Corinthians era
chamado de "Majestoso"? Pois esqueça. O empate entre os dois clubes, ontem no Morumbi, foi injusto. Ambos mereciam perder. O
Corinthians, um pouco mais.
Durante os 90 minutos de jogo,
houve raros lances bonitos, ou ao
menos inesperados. Em compensação, foi um festival de passes errados, matadas de canela, chutes
tortos, corta-luzes para ninguém.
Uma das poucas boas jogadas
do São Paulo foi a do gol de Simplício, depois de tabela rápida
com Diego Tardelli. E talvez o
único lance inteligente do Corinthians tenha sido a cobrança de
falta de Renato, rasteira, aproveitando que a barreira quase sempre pula, esperando a bola pelo
alto. Matou Rogério Ceni.
No mais, foi um jogo truncado,
previsível e sem inspiração. De
certo modo, um retrato deste Brasileirão, um torneio equilibrado
porque nivelado por baixo.
No ano passado, o Cruzeiro e o
Santos acabaram se destacando
das demais equipes e monopolizando a dianteira da tabela no
segundo turno. Este ano, a julgar
pelo que temos visto, é difícil imaginar algum time se impondo categoricamente sobre os demais.
A começar por Santos e Cruzeiro, a maioria dos grandes clubes
parece ter piorado.
O Santos, embora mantenha
praticamente o mesmo elenco, faz
uma performance pífia, irreconhecível. O Cruzeiro, quando não
conta com Alex, é um time bom,
mas comum.
De outros grandes é melhor
nem falar: Flamengo, Corinthians, Vasco, Botafogo, Grêmio,
Atlético-MG.
E a qualidade do futebol tende
a piorar na metade do ano, quando vários bons jogadores deverão
ser negociados com clubes europeus. O São Paulo sem Luís Fabiano, o Cruzeiro sem Alex, o Palmeiras sem Vágner Love etc. Vai
ser duro de assistir.
Nesse contexto, crescem, a meu
ver, as chances de clubes sem
grandes estrelas, mas com bom
conjunto e uma certa consistência
tática: São Caetano, Criciúma e o
próprio Atlético-PR, que dá mostras de recuperação e que conta
com dois jogadores muito criativos: Jádson e Dagoberto.
E criatividade é um artigo em
falta nos campos brasileiros. Há
até alguns jogos corridos, disputados e cheios de gols, mas muito
pouca invenção, muito pouca
surpresa, muito pouca ousadia.
Em tempo: talvez essa minha
avaliação sombria do Brasileirão
fosse outra se, em vez de São Paulo 1 x 1 Corinthians, eu tivesse visto Atlético-MG 3 x 3 Santos, que
parece ter sido um ótimo jogo.
O fato é que uma partida ruim
influi sobre o humor, o raciocínio
e a visão de mundo de qualquer
um.
Na Libertadores, está pintando
mais uma final entre brasileiros e
argentinos. Mas o São Paulo que
se cuide: o Once Caldas mostrou
contra o Santos que é um time
"encardido" (traiçoeiro, difícil de
vencer). E o tricolor tem tido altos
e baixos. Se pegar os colombianos
num momento baixo, adiós.
Estrela cadente
No clássico carioca, coitado do
Botafogo, massacrado pelo
Vasco. Se continuar assim, o
clube da estrela solitária vai
passar tão pouco tempo na Série A quanto o que passou na
Série B. Se bem que ainda tem
chão pela frente. E, mais que isso, tem muito time ruim nesse
campeonato.
Clássico mundial
Uma grande expectativa cerca
o jogo de quarta-feira entre
Brasil e Argentina. As eliminatórias são longas, o resultado
do confronto não vai definir a
classificação, mas, para qualquer uma das duas seleções,
uma vitória sobre os arqui-rivais é um alento inestimável. Se
passar pela Argentina, o Brasil
ganha embalo para vencer o
Chile e disparar na liderança.
E-mail
jgcouto@uol.com.br
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