São Paulo, sábado, 31 de maio de 2008

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Guga curte último adeus e fala em formar tenistas

Tenista diz que Brasil precisa colocar atletas no top 30 e se despede de Roland Garros com quadra lotada e brincadeira

"Quero tentar esclarecer o caminho. A coisa não é complicada, mas nem sempre o simples é fácil", afirmou após cair nas duplas

FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

"Foi a sua última partida de duplas em Roland Garros?"
"Sim. Duplas, simples e duplas mistas [sorrindo]."
"Você não volta em 2009?"
"Não."
"E joga os outros Grand Slams, Wimbledon e Aberto dos EUA?"
"Não."
"Não?"
"Não, não."
O diálogo entre Gustavo Kuerten e um jornalista francês, que parecia não acreditar na aposentadoria do brasileiro, iniciou a entrevista coletiva após a derrota, ao lado de Sebastien Grosjean, para os romenos Florin Mergea e Horia Tecau por 5/7, 6/3 e 6/1.
Cerca de quatro meses após anunciar sua turnê de despedida, cinco torneios, seis partidas de simples (uma vitória) e cinco de duplas (uma vitória), Guga cumpriu ontem seus últimos compromissos como tenista.
Agora, o tricampeão de Roland Garros diz que não quer ser técnico, mas pretende ajudar os novatos. "Quero tentar esclarecer o caminho para eles. A coisa não é complicada, mas nem sempre o simples é fácil."
O objetivo, segundo ele, é tentar viajar mais para formar um grupo maior de tenistas que figurem no topo do ranking.
Guga afirmou que seu contrato com o Banco do Brasil, anunciado no início do mês, já tem uma parte voltada para o desenvolvimento do tênis. "Tem uma gurizada que sabe que é preciso trabalhar dia a dia, com seriedade e 100% comprometida com o tênis."
Na análise do tenista, o importante agora não é achar alguém que atinja seus feitos. "Para o Brasil, ter um tenista entre os 30, 40 do mundo já vai ser importante", disse ele, que criticou Nelson Nastás, ex-presidente da CBT (Confederação Brasileira de Tênis), sem citá-lo. "Perdemos um tempo enorme, não vale a pena falar disso."
O brasileiro voltou a ser homenageado. Ganhou um Troféu Laranja por sua história no torneio. Obteve o mesmo prêmio três vezes, como tenista mais simpático. E deu nova mostra de seu carisma.
Ele e Grosjean foram os primeiros a entrar na quadra 3, lotada (havia gente pendurada em uma grade para assistir ao jogo), sob o coro "Guga, Guga".
Os rivais seriam os franceses Julien Benneteau e Nicolas Mahut, mas, após mais de três horas de jogo contra Alejandro Falla (COL), Benneteau desistiu da dupla. Florin Mergea e Horia Tecau, que estavam fora da chave, foram convocados.
Após saudar Guga e fazer uma ola, a torcida, impaciente com a demora dos romenos, pediu que ele jogasse "um pouco de simples" com Grosjean.
Pouco depois de eles começarem a bater bola, os romenos, surpresos, apareceram.
Mesmo contra um tenista já aposentado e outro lesionado, a dupla perdeu o primeiro set.
"Já tinha gastado a emoção. Foi bacana. Foi um extra para curtir um pouco", disse Guga.


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