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Guga curte último adeus e fala em formar tenistas
Tenista diz que Brasil precisa colocar atletas no top 30 e se despede de Roland Garros com quadra lotada e brincadeira
"Quero tentar esclarecer o caminho. A coisa não é complicada, mas nem sempre o simples é fácil", afirmou após cair nas duplas
FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL A PARIS
"Foi a sua última partida de
duplas em Roland Garros?"
"Sim. Duplas, simples e duplas mistas [sorrindo]."
"Você não volta em 2009?"
"Não."
"E joga os outros Grand
Slams, Wimbledon e Aberto
dos EUA?"
"Não."
"Não?"
"Não, não."
O diálogo entre Gustavo
Kuerten e um jornalista francês, que parecia não acreditar
na aposentadoria do brasileiro,
iniciou a entrevista coletiva
após a derrota, ao lado de Sebastien Grosjean, para os romenos Florin Mergea e Horia
Tecau por 5/7, 6/3 e 6/1.
Cerca de quatro meses após
anunciar sua turnê de despedida, cinco torneios, seis partidas
de simples (uma vitória) e cinco de duplas (uma vitória), Guga cumpriu ontem seus últimos
compromissos como tenista.
Agora, o tricampeão de Roland Garros diz que não quer
ser técnico, mas pretende ajudar os novatos. "Quero tentar
esclarecer o caminho para eles.
A coisa não é complicada, mas
nem sempre o simples é fácil."
O objetivo, segundo ele, é
tentar viajar mais para formar
um grupo maior de tenistas que
figurem no topo do ranking.
Guga afirmou que seu contrato com o Banco do Brasil,
anunciado no início do mês, já
tem uma parte voltada para o
desenvolvimento do tênis.
"Tem uma gurizada que sabe
que é preciso trabalhar dia a
dia, com seriedade e 100%
comprometida com o tênis."
Na análise do tenista, o importante agora não é achar alguém que atinja seus feitos.
"Para o Brasil, ter um tenista
entre os 30, 40 do mundo já vai
ser importante", disse ele, que
criticou Nelson Nastás, ex-presidente da CBT (Confederação
Brasileira de Tênis), sem citá-lo. "Perdemos um tempo enorme, não vale a pena falar disso."
O brasileiro voltou a ser homenageado. Ganhou um Troféu Laranja por sua história no
torneio. Obteve o mesmo prêmio três vezes, como tenista
mais simpático. E deu nova
mostra de seu carisma.
Ele e Grosjean foram os primeiros a entrar na quadra 3, lotada (havia gente pendurada
em uma grade para assistir ao
jogo), sob o coro "Guga, Guga".
Os rivais seriam os franceses
Julien Benneteau e Nicolas
Mahut, mas, após mais de três
horas de jogo contra Alejandro
Falla (COL), Benneteau desistiu da dupla. Florin Mergea e
Horia Tecau, que estavam fora
da chave, foram convocados.
Após saudar Guga e fazer
uma ola, a torcida, impaciente
com a demora dos romenos,
pediu que ele jogasse "um pouco de simples" com Grosjean.
Pouco depois de eles começarem a bater bola, os romenos,
surpresos, apareceram.
Mesmo contra um tenista já
aposentado e outro lesionado, a
dupla perdeu o primeiro set.
"Já tinha gastado a emoção.
Foi bacana. Foi um extra para
curtir um pouco", disse Guga.
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