São Paulo, sábado, 31 de maio de 2008

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MOTOR

História sem fim

Que Sutil volte a Mônaco em 2009 para buscar os pontos; seu caso de amor com a pista não pode acabar desse jeito

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

AFINIDADE instantânea, cumplicidade com um quê do inexplicável, uma intensa história de amor. É raro, mas acontece.


Até na F-1. Até entre pilotos e circuitos. É o caso de Massa com a Turquia, por exemplo. Mas é mais o caso, certamente, de Sutil e Mônaco.
Com o ocaso da Super Aguri, o alemão tornou-se o patinho feio da categoria. É o piloto com currículo mais fraco da equipe mais fraca do grid: em 23 corridas, marcou apenas um pontinho, em 2007, no Japão.
Na esmagadora maioria das pistas, nunca fez nada demais, nunca assombrou ninguém, nunca foi cogitado para uma equipe média. Cumpre aquele destino de eterno coadjuvante, de piloto que um dia deixará a categoria como chegou, sem alarde.
Com a exceção do GP de Mônaco.
Porque, lá, Sutil se transforma.
No ano passado, com chuva, o alemão foi o mais rápido na terceira sessão livre no principado -o único treino liderado por ele e pela Spyker.
E, no último final de semana, protagonizou o maior drama da prova. Largando em 18º, fechou a primeira volta em 16º. Na nona volta, era décimo. Na 13ª, desobedeceu a uma bandeira amarela e passou Nelsinho, Barrichello e Nakajima. Mexe daqui, mexe dali e na 48ª volta, enfim, chegou à quarta posição.
Sutil, com um Force India, em quarto? Sim, a história de amor se cumpria a oito voltas do fim. Um resultado para mudar a vida de um piloto, a história de uma equipe. O alemão amanheceria a segunda "sondado pela Ferrari" ou algo assim.
Mas então veio o desastre: Raikkonen, num fim de semana estapafúrdio -como Alonso, registre-se. O finlandês errou a freada na saída do túnel e acertou a traseira de Sutil.
Acabou ali a corrida dos sonhos do alemão. Que até seria punido pelas manobras na bandeira amarela, mas isso não apagaria a sensação de que algo especial acontece com ele lá.
O choro de Sutil foi o choro do desperdício da chance de uma vida.
Chance destruída pelo menos até Mônaco-09, se o piloto durar até lá.
E tomara que dure. Porque histórias assim podem até arrefecer. Mas não podem acabar assim, puf.

O TRUNFO DE MAX
A F-1 vive na terça, em Paris, um dia dos mais decisivos. Mas Mosley conta com a subjetividade. Porque não será colocada em questão sua permanência, e sim um "voto de confiança". Na porcentagem de apoio considerada razoável pelo inglês estará seu destino na FIA. E, na opinião deste colunista, aí está a chave da permanência do dirigente até o fim do mandato, em 2009.

COISA ESTRANHA
O anúncio do doping de Paulo Salustiano completa hoje dez dias e até agora a CBA não divulgou qual foi a substância encontrada. Não me recordo de sigilo assim em nenhum esporte. Por que a novidade?

fseixas@folhasp.com.br

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