São Paulo, domingo, 31 de maio de 2009

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Cofre público deve bancar arena

Com crise, investimento privado se retrai, e Estados já admitem financiar estádios para a Copa-2014

Medida contraria o discurso do Ministério do Esporte, segundo o qual o dinheiro estatal deveria cobrir apenas as obras de infraestrutura

Divulgação
Maquete eletrônica do estádio Vivaldão, em Manaus, que deve ser financiado com recursos provenientes do Estado do Amazonas

MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Por conta da crise econômica mundial, o dinheiro público pode entrar literalmente em campo para erguer estádios para a Copa do Mundo de 2014.
Consultadas pela Folha, a maioria das cidades candidatas admitiu que, com a crise, houve retração da intenção de investimentos, principalmente advindos de empresas estrangeiras, para bancar as arenas.
Sendo assim, as cidades e os Estados já admitem a possibilidade de abrir os cofres para levar a cabo seus projetos.
Essa hipótese vai de encontro ao que fora estabelecido como meta pelo Ministério do Esporte desde que o Brasil foi anunciado sede da Copa. O discurso sempre se baseou no fato de que o dinheiro público seria destinado apenas para obras de infraestrutura, enquanto os recursos para os estádios deveriam ser provenientes exclusivamente da iniciativa privada.
"Com a crise econômica, eu acho muito difícil que empresas privadas invistam no projeto neste primeiro momento. Estádio de futebol não é algo rentável que justifique o alto investimento", reconhece Gustavo Corrêa, secretário de Estado de Esportes e Juventude e um dos membros do comitê de candidatura de Belo Horizonte.
"Então, o Estado [de Minas] deve assumir a responsabilidade [pela modernização do Mineirão] e depois tentar fazer uma concessão para reaver parte do investimento."
O orçamento da modernização do Mineirão chegou a ser reformulado para se ajustar ao que o Estado mineiro pode bancar. O secretário mantém os valores em sigilo.
"Posso dizer que, em termos de valor, vai ser a maior obra do governo do Estado", diz.
Se há dificuldade de prospecção de investidores para a revitalização do estádio mineiro, que hoje abriga jogos de dois times da Série A do Nacional (Cruzeiro e Atlético-MG), a situação é ainda mais aguda no Norte e no Centro-Oeste.
Sem tradição no futebol, as cidades que serão sedes na Amazônia e no Pantanal devem ter ainda mais transtornos a fim de obter recursos para erguer ou revitalizar suas arenas.
Provável sede da Copa na Amazônia, Manaus tem o segundo projeto mais caro e um futebol que nem tem representantes na Série C nacional.
A cidade chegou a anunciar como potenciais investidores a Camargo Corrêa, a Luso Arenas e a Andrade Gutierrez. Entretanto Denis Minev, secretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Amazonas, admitiu que há poucas chances de conseguir parceiros para bancar os R$ 500 milhões necessários para erguer o moderno Vivaldão.
"Esse problema [crise econômica] é real. Há pouco interesse em investir em estádio na iniciativa privada, com exceção das maiores cidades. O Amazonas se comprometeu perante a Fifa a fazer o investimento caso não haja investidores privados. Nós temos uma ótima situação financeira hoje que nos permite dar essa garantia", admitiu o secretário de Planejamento.



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