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Zimbábue iguala amistoso a taça
Jornal estatal compara visita da seleção brasileira, na quarta, à conquista da Copa do Mundo
FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A HARARE (ZIMBÁBUE)
O Zimbábue passou longe
da classificação para a Copa
do Mundo. Mas ter assegurado um amistoso contra a seleção brasileira, na quarta-feira, equivale à conquista do
cobiçado troféu. Pelo menos
na manchete de ontem do
"The Sunday Mail", jornal estatal que é o porta-voz do ditador Robert Mugabe.
"Como o Zimbábue venceu a Copa do Mundo" é o título da primeira página, em
letras grandes, acompanhado de uma foto de Kaká.
"A visita dos cinco vezes
campeões mundiais é um endosso do Zimbábue como um
destino turístico de classe internacional", diz o jornal.
"Endosso" é justamente o
que busca Mugabe, no poder
há 30 anos e hoje um pária
em várias capitais da Europa
e da América do Norte.
Para isso, o ditador não
mediu esforços. Exigindo casa cheia no novo Estádio Nacional de Harare, determinou meio expediente para o
funcionalismo público na
quarta-feira, dia do jogo.
"O país inteiro vai parar
para ver Kaká", disse Tendai
Chiwanza, diretor do estádio,
reformado com patrocínio
chinês. A obra demorou dois
anos e meio para ficar pronta
e custou US$ 10 milhões.
São esperadas 60 mil pessoas no jogo. Cerca de 80%
dos ingressos serão vendidos
a US$ 10 cada. O resto, em
áreas VIP, sai por US$ 40.
Embora pareça bem acessível, o bilhete funcionará como um filtro de público. "É
um valor que muitos não podem pagar. Isso vai ajudar a
evitar uma aglomeração perigosa no entorno do estádio",
diz James Togo, responsável
pela estrutura da arena.
PROPAGANDA
Robert Mugabe, que no
passado perseguiu a oposição, fechou jornais e foi acusado de fraudar eleições, pretende extrair o máximo de
oxigênio político do amistoso contra a seleção brasileira.
Seus aliados têm martelado que o amistoso é obra do
presidente, e não do partido
rival, com o qual ele governa
o Zimbábue em coalizão.
"Muita gente acha que foi
obra do Ministério do Esporte
[controlado pela oposição].
Na verdade, foi o ministro do
Turismo [ligado a Mugabe]
que trouxe o Brasil", diz Mike
Chando, assessor no gabinete do presidente. "Devemos
isso ao Lula. Ele tem apoiado
muito o Mugabe", completa.
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