São Paulo, segunda-feira, 31 de maio de 2010

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Zimbábue iguala amistoso a taça

Jornal estatal compara visita da seleção brasileira, na quarta, à conquista da Copa do Mundo

FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A HARARE (ZIMBÁBUE)

O Zimbábue passou longe da classificação para a Copa do Mundo. Mas ter assegurado um amistoso contra a seleção brasileira, na quarta-feira, equivale à conquista do cobiçado troféu. Pelo menos na manchete de ontem do "The Sunday Mail", jornal estatal que é o porta-voz do ditador Robert Mugabe.
"Como o Zimbábue venceu a Copa do Mundo" é o título da primeira página, em letras grandes, acompanhado de uma foto de Kaká.
"A visita dos cinco vezes campeões mundiais é um endosso do Zimbábue como um destino turístico de classe internacional", diz o jornal.
"Endosso" é justamente o que busca Mugabe, no poder há 30 anos e hoje um pária em várias capitais da Europa e da América do Norte.
Para isso, o ditador não mediu esforços. Exigindo casa cheia no novo Estádio Nacional de Harare, determinou meio expediente para o funcionalismo público na quarta-feira, dia do jogo.
"O país inteiro vai parar para ver Kaká", disse Tendai Chiwanza, diretor do estádio, reformado com patrocínio chinês. A obra demorou dois anos e meio para ficar pronta e custou US$ 10 milhões.
São esperadas 60 mil pessoas no jogo. Cerca de 80% dos ingressos serão vendidos a US$ 10 cada. O resto, em áreas VIP, sai por US$ 40.
Embora pareça bem acessível, o bilhete funcionará como um filtro de público. "É um valor que muitos não podem pagar. Isso vai ajudar a evitar uma aglomeração perigosa no entorno do estádio", diz James Togo, responsável pela estrutura da arena.

PROPAGANDA
Robert Mugabe, que no passado perseguiu a oposição, fechou jornais e foi acusado de fraudar eleições, pretende extrair o máximo de oxigênio político do amistoso contra a seleção brasileira.
Seus aliados têm martelado que o amistoso é obra do presidente, e não do partido rival, com o qual ele governa o Zimbábue em coalizão.
"Muita gente acha que foi obra do Ministério do Esporte [controlado pela oposição]. Na verdade, foi o ministro do Turismo [ligado a Mugabe] que trouxe o Brasil", diz Mike Chando, assessor no gabinete do presidente. "Devemos isso ao Lula. Ele tem apoiado muito o Mugabe", completa.


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