São Paulo, sábado, 31 de julho de 2004

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JUDÔ

Batizado com o nome do ex-ditador italiano e ídolo em Teresina, piauiense busca hoje, em casa, vaga no Mundial júnior

Mussolini luta para conquistar o mundo

Benonias Cardoso/Folha Imagem
Mussolini Neto treina para o Brasileiro júnior de judô, que acontece no Piauí e é classificatório para o Mundial da categoria


LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Benito Mussolini, 17, pode garantir hoje a oportunidade de "conquistar o mundo" na categoria meio-leve (até 66 kg).
Atual campeão pan-americano, se obtiver seu nono título nacional, ele já assegura o posto de titular do Brasil no Mundial júnior de judô, em outubro, na cidade de Budapeste, na Hungria. Se perder, terá de vencer o campeão nacional em uma seletiva em setembro.
Para atingir essa meta, contará com o apoio da torcida local. O Brasileiro da categoria acontece até amanhã em Teresina, sua cidade-natal. Benito compete hoje em sua categoria e amanhã na competição por equipes.
Além do nome pouco comum -que herdou do avô, outro que tem Mussolini como prenome (os sobrenomes são Araújo Bastos)-, Benito se destaca por ser a maior expressão de seu Estado.
Segundo o presidente da Confederação Brasileira de Judô, Paulo Wanderley, isso não é pouco. "O judô é o esporte número um em Teresina. Sempre que há competições lá, os eventos recebem um público bom e a atenção da imprensa local. Ser a maior expressão nesse contexto não é pouca coisa", disse o dirigente, para quem Benito já é uma realidade por apresentar resultados expressivos nos cinco últimos anos.
Benito Mussolini é uma celebridade local. Depois da conquista de seu quarto título pan-americano, em março, estrelou campanhas publicitárias e viu sua foto em outdoors pela capital do Estado. Apesar disso, não tem patrocínio fixo desde fevereiro.
"Vivo em uma cidade pequena, onde todos se conhecem. Assim, há muita alegria na comemoração de meus títulos. Conto com o apoio da torcida para assegurar a vaga no Mundial. Acredito que o fato de lutar em casa implique uma chance maior de eu me classificar", disse o atleta, que não se incomoda em carregar o nome do ex-ditador italiano (1883-1945).
"Benito Mussolini é o mesmo nome do meu avô, alguém que sempre me acompanha em todas as competições", afirmou.
Além da torcida de amigos e família, o judoca contou também com o apoio de Rogério Sampaio. Por orientação do campeão olímpico em Barcelona-1992, ele deixou a timidez de lado e hoje já se sente integrado à seleção.
Como fez o técnico, Benito sonha em chegar a uma Olimpíada. Espera estar em Pequim-2008, mas não quer atropelar etapas. Primeiro pensa no Mundial.
Outros nove judocas que participaram do Pan, em março, têm a mesma oportunidade de Benito.
O Brasil ficou com o vice no último Mundial júnior por equipes, em 2002. Naquela ocasião, o destaque foi o médio (até 73 kg) santista Leandro Guilheiro, que desbancou o vencedor dos Jogos Pan-Americanos, Luiz Camilo, da seleção que vai a Atenas.
Aliás, seis dos 12 judocas que irão a Atenas têm em seus currículos pódios em mundiais para juniores. É com base nesse retrospecto que Benito sonha em representar o Brasil na China, em 2008.


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